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Suíça esteve entre compromisso e conivência

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A economia suíça teve laços estreitos com a Alemanha nazista. 0s primeiros 8 relatórios apresentados quinta-feira (30.8) por uma comissão independente de historiadores demonstram como industriais, hidrelétricas e ferrovias suíças colaboraram com as chamadas potências do Eixo. Desde 1996, 50 pesquisadores, dirigidos pelo prof. François Bergier, estudam as relações com a Alemanha. No total, 25 relatórios serão publicados.

Os 8 relatórios divulgados quinta-feira (30.8) tratam das relações econômicas com a Alemanha nazista. As últimas pesquisas revelam que muitos industriais suíços devenvolveram, durante o regime nazista, as relações, que já eram boas, com a Alemanha. Dessa maneira, eles contribuiram para o fortalecimento da economia alemã e sustentaram o regime nazista.

Trabalho forçado era regra

Os historiadores constataram que as empresas suíças jamais se preocuparam com o emprego de mão de obra forçada, em suas filiais na Alemanha. Dobraram-se às exigências, substituindo os executivos judeus por “arianos”. Essa era a regra geral, com nuances entre algumas empresas.

O setor da eletricidade constituiu uma das principais contribuições da economia suíça para o Terceiro Reich. Num determinado momento, a Suíça recusou pedido da Alemanha para aumentar as exportações de energia elétrica.

O transporte ferroviário também foi muito importante. A Alemanha forneceu grandes quantidades de carvão à Itália de Mussolini e os trens, obligatóriamente, passavam pela Suíça. Mais de 180 mil italianos foram levados para trabalhar na Alemanha, também através da Suíça.

Armas e obras de arte

Um dos estudos demonstra como a Suíça permitiu à Alemanha e Itália de adquirirem ou produzirem material militar sem gastar suas reservas. A Suíça forneceu de 1,3 bilhões de francos (o que era muito dinheiro) e, em troca, obteve garantias de exportação para empresas suíças.

A Suíça também foi um grande centro comprador de obras de arte durante a Segunda Guerra. Boa parte foi de obras roubadas pelos nazistas nos países ocupados. No entanto, a maioria das obras foi comprada de proprietários legítimos que queriam evitar seu confisco pelos alemães.

Imprensa conivente e garantia de independência

Um dos estudos, da Universidade de Zurique, indica que a imprensa suíça da época não criticou as relações econômicas com a Alemanha. Nos 8 jornais analisados, a questão dos refugiados também foi tratada como marginal.

Na introdução dos estudos, o Prof. Bergier afirma que a maioria dos empresários agiu sem convicção ideológica, tentando apenas aproveitar dos negócios devido as incertezas do momento. Poucos tiraram um real “lucro da guerra”, segundo Bergier.

As compromissões e conivências, no entanto, não desviaram a Suíça de sua determinação de independência, democracia e federalismo, afirma Bergier. Os dirigentes do país aplicaram uma política pragmática.

Atuando desde 1997, a Comissão Bergier já havia publicado dois relatórios: um sobre as transações de ouro com a Alemanha, outro sobre os refugiados desse período. Novas publicações são aguardadas para novembro. O relatório final será entregue ao governo no final deste ano e será publicado no primeiro trimestre de 2002.

swissinfo com agências.

OBS: para saber mais sobre os relatórios (em 4 línguas), clique em “Relatório Bergier” na primeira página do site.

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