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Suíça perde fama de “país mais seguro”

A maior parte da violência acontece nas ruas. Keystone

Visto como o país mais seguro da Europa, a Suíça sucumbiu aos níveis médios do continente em termos de violência de rua, roubos e assaltos.

Um relatório apresentado na terça-feira (30) pelas secretarias estaduais de justiça e polícia mostrou um aumento na atividade criminal desde 2004, quando foi realizado o último estudo importante sobre a criminalidade no país.

“Embora a Suíça tivesse obtido o menor índice de criminalidade na Europa, em 1988, a taxa de hoje está se alinhando com as porcentagens do resto do continente”, disse uma declaração do órgão de polícia interestadual.

“O mito de que a Suíça seria o país mais seguro do mundo, ou pelo menos da Europa, acabou. Esqueça essa ideia!”, acrescentou Martin Killias, professor de criminologia da Universidade de Zurique e responsável pelo relatório.

O estudo analisou um grupo de 2000 suíços que foram pesquisados entre 2006 e 2010. Mais de 10% dos entrevistados disseram que tinham sido vítima de agressões ou ameaças, em comparação com 7,2% em 2004. A maioria dos incidentes aconteceu em público e foram se agravando ao longo dos anos.

O número de pessoas assaltadas também subiu nesse período, de 5,1 para 7,1 por cento. Os roubos também aumentaram, mas permaneceram abaixo da média europeia. Os roubos de bicicletas aumentaram muito, enquanto que os arrombamentos de carros e roubos de moto diminuíram, provavelmente por causa de melhores medidas de segurança.

As agressões sexuais contra mulheres diminuíram ligeiramente em relação a 2004 e ficaram abaixo da média Europeia.

Pierre Nidegger, presidente da Conferência dos Secretários Estaduais de Justiça e Polícia, disse que os resultados seriam revistos para melhorar as estratégias de policiamento, mas acrescentou: “Nessa sociedade 24 horas não dá para a polícia estar em dois lugares ao mesmo tempo”. Visão compartilhada pelo presidente da comissão de polícia.

Apesar dos índices crescentes da criminalidade, o relatório revela que a maioria das pessoas (73,9%) – e as mulheres em particular – têm confiança na polícia.

Vida noturna

O aumento da violência de rua é devido, provavelmente, ao desenvolvimento da vida noturna na Suíça, conclui Martin Killias, que também é candidato a deputado federal nas eleições parlamentares de outubro.

Esta conclusão foi confirmada em um estudo recente do Conselho Suíço de Prevenção de Acidentes, que observou que os casos de violência em espaços públicos se multiplicaram em 15 anos, particularmente entre homens de 15 a 24 anos.

A organização disse que 30 jovens em 1000 foram gravemente atingidos pela violência em 2009 – um aumento três vezes maior do que em 1995. Nas mulheres o número de incidentes dobrou no mesmo tempo. Em geral, 82% das reivindicações de seguro contra acidentes resultaram da violência em espaços públicos.

Segundo o Conselho, as autoridades ainda não conseguiram encontrar uma resposta adequada ao problema.

Alvo das quadrilhas

Enquanto isso, o aumento dos roubos pode ser resultado do aumento do valor dos bens furtados, como ouro, bem como um crescimento na criminalidade de bandos organizados, observa Killias.

A Suíça é cada vez mais o alvo predileto das quadrilhas, em parte, segundo Killias, por causa das penas leves proferidas pelos tribunais suíços, que resulta, por sua vez da “revisão problemática” do Código Penal nos últimos anos para resolver a superlotação carcerária na Suíça.

Segundo o professor, é muito improvável que um assaltante vá para a cadeia se for preso, o que gera uma “banalização da violência”.

“Se eu fosse membro de uma quadrilha de Lyon, na França, certamente o alvo seria Genebra”, acrescentou.

Para inverter a tendência, ele recomenda penas mais duras e melhores indenizações para as vítimas.

O levantamento do número de vítimas da criminalidade na Suíça é realizado em torno de cada cinco anos, desde meados dos anos 1980.

É encomendado pela Conferência dos Secretários Estaduais de Justiça e Polícia, que coordena o policiamento nos 26 cantões da Suíça.

O estudo foi realizado entre 2006 e 2010 e questionou 2000 pessoas.

O estudo mostrou diferenças entre alguns cantões. Os cidadãos de Neuchâtel, por exemplo, se mostram menos preocupados com a segurança do que a média, mas têm mais medo de serem assaltados.

Berna sofreu mais assaltos, agressões e furtos nos últimos anos – acima da média nacional, mas semelhante ao de outras grandes cidades como Zurique.

Os casos de arrombamento são maiores do que a média em Zurique, mas os residentes do cantão se sentem relativamente seguros.

Adaptação: Fernando Hirschy

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