Suíços pagam bem menos impostos que seus vizinhos

Tendência de queda da carga fiscal é incerta, diz Jose Angel Gurria, secretário-geral da OCDE. Keystone

Os trabalhadores suíços têm uma carga fiscal bem menor do que seus colegas de países vizinhos, conforme cálculos da Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OCDE).

Na maioria dos países-membros da organização, os impostos e os encargos sociais caíram no ano passado. Na Suíça, eles aumentaram levemente para pais solteiros e famílias.

A Suíça continua sendo atraente em termos fiscais para empresas e trabalhadores, de acordo a cunha fiscal (tax wedge), a diferença entre os custos de mão de obra para o empregador e o salário líquido de um assalariado.

Este indicador, calculado pela OCDE para seus 30 países-membros, mostra o poder de compra que o Estado retira do assalariado através de impostos e contribuições sociais.

Alemanha com a maior carga

Para um trabalhador solteiro sem filho, com um salário médio, a cunha fiscal média nos 30 países-membros da OCDE era de 41,1% em 2009.

Na Suíça, ela era de apenas 29,3%, na Alemanha 50,9%, na França 49,2%, na Áustria 47,9% e na Itália 46,5%. O maior índice foi registrado na Bélgica (55,2%), e o menor no México (15,3%).

Para um casal com dois filhos e um trabalhador com salário médio, a cunha fiscal média incidente sobre o trabalho na OCDE era de 26%.

Na Suíça, o índice para este grupo de assalariados era de 17,2%, na França 41,7%, na Áustria 36,6%, na Itália 35,7% e na Alemanha 33,7%.

Carga real subestimada

O estudo publicado em Paris ressalta, porém, que, no caso da Suíça, para a comparação da OCDE foram consideradas apenas quantias mínimas das contribuições sociais obrigatórias para a previdência profissional, bem como a parte obrigatória dos seguros de saúde e acidentes. Ou elas sequer foram incluídas no cálculo por serem administradas por organizações privadas.

Com isso, a carga fiscal efetiva na Suíça foi subestimada, conclui a OCDE. No todo, os cálculos valem para trabalhadores residentes em Zurique. Foi considerado um salário bruto anual médio de 75.376 francos suíços de um assalariado com jornada de trabalho integral.

Os impostos e encargos sociais caíram em 24 dos 30 países da OCDE no ano passado. Muitos países, como a Alemanha e a Áustria, diminuíram os encargos para famílias de baixa renda. A Eslováquia, Nova Zelândia e Turquia fizeram as maiores reduções.

Pressão sobre orçamentos públicos

Segundo a OCDE, os governos esforçaram-se para fortalecer as economias débeis no meio da pior recessão das últimas décadas. Mas ainda é incerto se esta tendência vai continuar este ano, dada a pressão generalizada sobre os orçamentos públicos.

“Os governos têm de conciliar o apoio à recuperação da economia ainda frágil com a necessidade de avançar para uma política fiscal mais sustentável”, disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

“Impostos menores sobre o trabalho podem ajudar a melhorar a recuperação, mas apenas como parte de um pacote mais amplo e equilibrado”, afirmou Gurría.

swissinfo.ch com agências

Carga fiscal

A média de impostos e encargos sociais sobre a renda de um assalariado solteiro, sem filhos, nos 30 países da OCDE em 2009:

Bélgica (55,2%)
Hungria (53,4%)
Alemanha (50,9%)
França (49,2%)
Áustria (47,9%)
Itália (46,5)
Suécia (43,2%)
Finlândia (42,4%)
Rep. Tcheca (41,9%)
Grécia (41,5%)
Dinamarca (39,4%)
Espanha (38,2%)
Holanda (38,0%)
Eslováquia (37,6%)
Turquia (37,5%)
Noruega (37,4%)
Portugal (37,2%)
Polônia (34,0%)
Luxemburgo (34,0%)
Reino Unido (32,5%)
Canadá (30,8%)
EUA (29,4%)
Suíça (29,3%)
Japão (29,2%)
Irlanda (28,6%)
Islândia (28,3%)
Austrália (26,7%)
Coreia (19,7%)
Nova Zelândia (18,4%)
México (15,3%)

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