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Trens suíços terão detetives para controlar limpeza

As ferrovias querem evitar imagens como essa. Keystone

Uma equipe independente de usuários será testada brevemente nos trens suíços para controlar, entre outras coisas, a limpeza.

As ferrovias suíças, consideradas como de reputação intocável, está reagindo às queixas de que as estações e os trens não estão em ordem como deveriam estar.

Cinco detetives de limpeza já trabalham na rede ferroviária das imediações de Zurique e essa equipe passará brevemente a ter 16 pessoas. “Eles atuam como passageiros normais que viajam diariamente nos trens”, afirma à swissinfo o porta-voz das Ferrovias Federais Suíças (SBB, na sigla em alemão) Frédéric Revaz.

Esses controladores são contratos por uma empresa privada para garantir a independência e transmitirá suas observações à direção da SBB que poderá então detectar as áreas problemáticas.

Os detetives controlarão também os setores em que a informação ao cliente e a segurança poderiam ser melhoradas. “Já temos alguns estudos de mercado que nos indicam onde estão os problemas, onde temos de melhorar, mas com essas novas observações a partir do ponto de vista dos usuários, poderemos ter uma idéia mais precisa das melhorias necessárias”, explica Revaz.

Melhoras

Aos estrangeiros pode surpreender o fato de que os trens suíços, elogiados por sua eficácia, necessitem uma inspeção de limpeza. “O nível de limpeza está bom. Porém sempre podemos melhorar”, acrescenta Revaz.

Uma sondagem feita entre passageiros e publicada recentemente revelou que a sujeira nos vagões e nas estações – latas e garrafas pelo chão, cestos que transbordam etc – estavam entre as principais queixas em 2008.

Edwin Dutler, presidente do grupo de usuários dos transportes públicos Pro Bahn vê a iniciativa com otimismo. “Na Pro Bahn apoiamos toda iniciativa que possa melhorar a comodidade e o bem-estar do usuário”, disse Dutler à swissinfo.

Dutler, que utiliza os trens quase diariamente, sublinha que as linhas regionais são as mais afetadas pelo problema da limpeza, com dimensões comparáveis às das grandes cidades da Grã-Bretanha.

“Pro Bahn é da opinião que é preciso pessoal para o bom funcionamento de uma ferrovia e nos trens regionais não há pessoal, está quase tudo automatizado. Estive recentemente em Londres e notei que voltar a ter mais pessoal; gostaríamos de ver mais pessoal nos trens aqui também”, acrescentou.

Cámeras de vigilância

Atualmente há câmeras em algumas áreas de Zurique, mas não nos trens suíços. A vigilância vídeo não é totalmente aceita na Suíça e tem sido tema de debate sobre os limites à liberdade individual.

Revaz diz que a Ferrovia Federal Suíça disse que a empresa pensa em introduzir câmeras e que os observadores contratados também darão sua opinião sobre a eficácia desse tipo de vigilância. A companhia havia anunciado anteriormente que as câmeras vídeo deveriam funcionar em todos os trens regionais antes de 2012.

Por sua vez, os sindicatos dos ferroviários também reagiram bem ao projeto dos detetives da limpeza, porém alguns de dizem preocupados que o pessoal possa se sentir espionado.

Revaz garantiu à swissinfo que a prova da limpeza não inclui a qualidade dos serviços dos empregados da companhia. Dutler diz que, com freqüência, a Suíça está um pouco atrás dos outros países quando ocorrem certos problemas, preferindo esperar para adotar soluções.

“As ferrovias suíças funcionam corretamente, por precisam de um pouco mais vapor”, concluiu.

swissinfo, Isobel Leybold-Johnson

A Ferrovia Federal Suíça transporta 322 milhões de passageiros e 54 milhões de toneladas de carga por ano. A malha tem mais de 3 mil quilômetros.

Estatísticas da União Internacional de Ferrovias indicam que, no ano passado, os trens suíços foram pontuais em 95,8% dos horários, uma das melhores taxas do mundo.

Segundo sondagem divulgada pela Ferrovia Federal Suíça (SBB-CFF, nas siglas em alemão e francês) em 2 de abril, a satisfação dos clientes era um pouco inferior em 2008 (76,5% contra 76,8%). A falta de lugares sentados para todos nos horários de pico, a limpeza e a falta de ar condicionado nos vagões mais antigos eram aspectos que os passageiros queriam melhoras.

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