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Ventríloquo suíço começou no Brasil

Ronaldo (Ronald Schmid) com o garoto "brasileiro" Rodrigo Roberto, no programa de talentos da televisão suíça, em 2012. SRF/Oscar Alessio

Um dos maiores talentos suíços foi inventado no Brasil. Mais precisamente em Belém do Pará, onde o professor suíço Ronald Schmid aprendeu a ser ventríloquo e criou o Rodrigo Roberto, personagem com o qual entrou nas semifinais no programa "Die grössten Schweizer Talente" (Os maiores talentos da Suíça), edição de 2012. 

Com nome artístico de Ronaldo, o professor morou há 14 anos naquela cidade, onde lecionou na terceira e quarta séries durante 13 anos em uma escola internacional. Com um português quase perfeito, explica que Rodrigo é um menino brasileiro, inspirado em todos as crianças que ele conheceu no Brasil e guardou em seu coração. “Ele é um aluno especial e de caráter forte. Acima de tudo, é muito brincalhão, tem a última palavra sempre. É realmente um menino muito danado” , diz o seu criador, com seu leve sotaque suíço e humor quase brasileiro.

RonaldLink externo é fascinado pela arte de ventríloquo desde criança, quando assistia Teleboy e a dupla Kliby & Caroline, um simpático burrinho que fez muito sucesso com as crianças na década de 1970. Mas a ideia de ser ventríloquo surgiu no Brasil, quando, como quase todo estrangeiro que mora fora de seu país, recebia dos pais vídeos para os netos não perderem o contato com a língua e cultura suíças. Num desses presentes, Ronaldo assistiu a um show de ano novo com um ventríloquo em Las Vegas, e decidiu que iria investir no novo hobby.

Autodidata

O professor justifica a paixão de ser ventríloquo por gostar de falar em público, de humor e piadas mas, acima de tudo, por se interessar por gente. Foi levado pela curiosidade por novas ideias e a vontade de melhorar a comunicação com os alunos. “Juntando esses ingredientes e colocando no caldeirão o calor humano e a alegria que vivenciei no Brasil, não poderia ter dado em outra coisa. Eu sou suíço, mas meu coração é brasileiro”, explica. Mais que isso, se diz inspirado pelo povo brasileiro, onde aprendeu o que já gostava: estar aberto para conhecer pessoas diferentes, o que é verdade, já que foi Ronald Schmid quem abordou a repórter dessa matéria em um restaurante na Itália quando a escutou falando português com a família.

Autodidata, Ronald aprendeu sozinho a arte de falar com o abdome, sem mover os lábios. O professor conta que foi para a frente do espelho e começou a treinar, usando somente a intuição. Tempos depois, quando comprou alguns livros sobre o assunto, viu que estava fazendo tudo corretamente. Aprendida e aprimorada a técnica, era chegada a hora de criar um personagem com caráter próprio, humor e personalidade. Foi então que surgiu o personagem Rodrigo Roberto da Silva Sem Graça Ohne Witz, que quer dizer sem graça em alemão. Seus alunos foram o seu primeiro público. O sucesso foi tanto que, além de lançar mão do boneco para ocasiões especiais e festas na escola, Ronald percebeu que Rodrigo auxiliava as crianças a entender alguns conceitos mais complicados de matemática, por exemplo. E assim o personagem ganhou vida, levando Ronald a investir em um boneco profissional.

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Boneco americano

A segunda versão do Rodrigo foi feita sob encomenda nos Estados Unidos. Devido ao enorme sucesso do principiante, o boneco ficou gasto e foi necessário investir em um modelo novo. A primeira versão foi feita com roupa dos filhos, costurada em casa, em 1990. Ronaldo explica que queria um boneco de cabelo crespo, olhos escuros, como um brasileiro, e uma cara de brincalhão. “É que o Rodrigo se sobressai nas respostas e desafia os adultos, com perguntas de o que é o que é e piadas”, explica Ronald, achando graça do “filho” e aproveitando para contar algumas das suas peraltices. Para Rodrigo, dois mais dois são cinco e não quatro. “Quem faz matemática dessa forma não vai ficar rico nunca”, brinca. 

Outros personagens

Ronald conta com outros personagens para suas apresentações. O professor faz, em média, 40 apresentações por ano para empresas e festas particulares e precisa variar o repertório. Para animar o público, ele lança mão de Hans Heiniger, um senhor idoso da região de Emmental que, apesar de seus 98 anos, é muito saudável e gosta de andar. Outro personagem é Christina Maria Dolores, uma avestruz fêmea, que ainda no ovo, já estava pronta para ser uma diva, mais ou menos como os baianos, que não nascem, mas estreiam. Tina, como é chamada por seu criador, canta, conta histórias e ainda fala em português e inglês. 

Rodrigo é brasileiro, fala obviamente o português, e também inglês e o dialeto do Cantão dos Grisões.  E foi assim que ele disputou o Schweizer Talent  (Talento Suíço) e ganhou o público. O professor atribui o sucesso ao humor moleque do personagem, que ganha um charme a mais quando fala em dialeto suíço.  Além dos bonecos, Ronald dispõe de máscaras, que utiliza no público para tornar o espetáculo mais interativo. 

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