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A outra Art Basel

AFP

A Art Basel, cuja 45° edição começa na quinta-feira, é a feira na qual expositores, artistas e visitantes descobrem as mais novas tendências da arte contemporânea. Uma delas são os filmes artísticos. Várias galerias apostam nesse formato.

Os vídeos entraram na arte no final dos anos 1960. Como pioneiros, Nam June Paik e Bruce Nauman, que na época integraram imagens móveis em suas instalações.

Nos anos 1970, o americano Bill Viola foi o primeiro a trabalhar exclusivamente com vídeos e apresentá-los como arte.

Hoje, jovens artistas interpretam de novas formas essa mídia. Eles fazem parte da geração que cresceu com a MTV. Seu mundo é orientado pelas imagens digitais.

A Art Basel deu espaço para o filme já em 1999. Com isso os organizadores ressaltavam a importância da imagem móvel na iconografia contemporânea. Com a expansão estratégica eles tentavam também abordar a nova geração de colecionadores, que valorizavam muito mais as mídias atuais como vídeo, filme, áudio e outras tecnologias computadorizadas.

Três diferentes eventos

A seção de filmes da Art Basel apresenta projeções individuais e hoje é parte das franquias Art Miami e Art Hong. As preferências de cada um dos curadores dá, finalmente, o toque pessoal a cada uma das feiras.

David Gryn, diretor do Artprojx em Londres, programou para a Miami Art Basel em dezembro, projeções de cinema ao ar livre. O objetivo é trazer glamour para a capital da Flórida. Já na Basileia e em Hong Kong as apresentações de vídeo-arte ocorrem em salas projeção.

Li Zhenhua, curador da Art Basel em Hong Kong e dividido profissionalmente entre Zurique e Pequim, é um artista, produtor e curador reconhecido no setor de mídia arte, uma expressão para definir trabalhos artísticos relacionados às novas tecnologias, também denominado arte digital. “Artistas no setor de mídia arte querem ser levados a sério como artistas contemporâneos”, declara Zhenhua.

Na Basileia atua há sete anos o alemão Marc Glöde, especializado em cinema e curador no evento do setor, e também o colecionador This Brunner. Como cientistas interessado na influência das imagens em movimento, Glöde prefere obras de grande complexidade.

Questionados sobre os critérios utilizados para selecionar as obras dos artistas, o curador cita o potencial de irritação que elas são capazes de trazer. “Quando vivi nos Estados Unidos comecei a me interessar cada vez mais pelas irritações”, afirma. “Se para a maior parte das pessoas elas representam algo negativo, para mim elas levam à reflexão. Minha capacidade de se surpreender é muito maior quando eu não estou relaxado.”

O alemão descobre inclusive novas formas de energia no seu trabalho. “Artistas sempre tentaram superar as limitações da tela. Com os projetores é possível agora exibi-las praticamente por todos os lados.”

Para demonstrar as capacidades dos projetores modernos, pioneiros como Bill Viola transcenderam a arquitetura da Catedral de Berna e a do Museu de Arte de Berna com imagens fantásticas.

Inspiração

Segundo Glöde, filmes de arte inspiraram uma nova geração de artistas acostumados às chamadas imagens em movimento. Um deles é Ryan Trecartin, 33 anos, considerado um talento em ascenção. Ele parceira Lizzie Fitch transformam as imagens feitas por amigos de acampamentos em verdadeiros caleidoscópios.

Como muitos dos seus colegas, Trecartin publicas suas imagens na plataforma Vimeo, o que permite atingir um público muito mais amplo do que os voltados para as galerias de arte.

Papel das galerias

Arte contemporânea nunca atingiu as massas, mas tem se tornado cada vez mais popular. As feiras de arte são a melhor plataforma para as galerias apresentarem seus artistas. Apesar de algumas delas estarem presente nas três edições da Art Basel, elas nunca apresentam o mesmo artista duas vezes.

Hauser & Wirth, a uma importante galeria suíça com filiais em Londres e Nova Iorque, apresentou em Hong Kong a premiada “Esculturas de ação” do artistas suíço Roman Signer. Já na Basileia, a mesma galeria irá apresentar Sterling Ruby e Rashid Johnson, artistas que abordam com força questões ligadas à espiritualidade.

Arte com imagens animadas já são comercializadas há muito tempo e também incluídas no programa das galerias, explica Florian Berktold, chefe da Hauser & Wirth. “Nos últimos cinco anos as possibilidades tecnologias viveram grandes mudanças: a infraestrutura expandida para uma melhor qualidade de imagem, o tamanho das câmeras, os sistemas de processamento de imagens em computadores, manipulação de tons no iPhone e padrões técnicos cada vez mais desenvolvidos.”

Filmes de arte ou arte cinematográfica

Durante cinquenta anos filmes como obra de arte foram realizados de forma conceitual ou como parte de performances ou instalações. Na Basileia quatro artistas estarão sendo apresentados: Matthey Barney, Francis Alÿs, Steve McQueen e Paul Chan. Pipilotti Rist (Suíça) e Gillian Wearing (Grã Bretanha) são as exceções nesse meio dominado por homens.

Na tela os artistas conseguem dar uma nova visão do mundo. Nos últimos anos o conceituado prêmio Turner foi dado a mulheres: a inglesa  Elizabeth Price levou a video-arte à novas dimensões. Já em 2013, a francesa Laure Prouvost foi premiada pela instalação “Wantee”. Ela considera sua obra como uma experiência semelhante ao reflexo do sol na pele, como empregado nos seus mais recentes trabalhos.

Fundada em 1970 por um grupo de galeristas entre eles o marchand marchand Ernst Beyeler, a feira tem todas formas artísticas: pintura, desenho, edição, escultura, instalação, foto, performance e vídeo, de 1900 até agora.

A Art Basel, que acontece entre 19 e 22 de junho, reúne nesta edição artistas de mais de 300 galerias do globo. Entre elas, três brasileiras: Fortes Vilaça, A Gentil Carioca e Luisa Strina.

Luiz Zerbini, Iran do Espírito Santo, Erika Verzutti e Jac Leirner são os artistas nacionais que aterrissam na Suíça através da Fortes Vilaça, enquanto Laura Lima, José Bento e Jarbas Lopes chegam por lá representados pela A Gentil Carioca. Alexandre da Cunha, Cildo Meireles, Lygia Pape, Olafur Eliasson e Leonor Antunes – entre outros-, desembarcam em Basel pela Galeria Luisa Strina.

Adaptação: Alexander Thoele

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