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Bolsonaro apresentará Brasil “sem amarras ideológicas” em Davos

Paulo Guedes na posse de Jair Bolsonaro
Paulo Guedes, o "super ministro" da Economia (à dir.), acompanhará Bolsonaro em sua primeira viagem internacional como presidente, para apresentar seu ambicioso programa de diminuição do Estado. Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved

Organizadores de evento na Suíça apostam em combate à corrupção e planos econômicos como centro da mensagem do novo governo brasileiro.

Aos pés da Montanha Mágica de Davos, o presidente Jair Bolsonaro fará sua estreia internacional, menos de um mês depois de assumir o governo brasileiro. A partir do dia 22 de janeiro, Bolsonaro participará do Fórum Económico Mundial e, diante das ausências de último minuto dos presidentes Donald Trump, Mauricio Macri e Emmanuel Macron, o brasileiro promete ser um dos centros da atenção da imprensa e dos empresários mundiais. 

Comércio, a abertura da economia brasileira, reformas e o combate à corrupção estarão entre as prioridades de sua mensagem. Na lista da equipe que acompanha Bolsonaro estão o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o chanceler Ernesto Araujo e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, além do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro. 

O governador de São Paulo, João Doria, e Luciano Huck, que chegou a pensar em se lançar a candidato para as eleições presidenciais de 2018, também estarão presentes. 

A participação empresarial brasileira será importante, com a volta do banqueiro André Esteves ao evento, além de executivos da Eletrobras, Embraer, Itaú Unibanco, Bradesco, J. Safra Group, Petrobras e Vale.  

Ernesto Araujo com Secretario de Estado americano Mike Pompeo
O secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo (à esq.) estará representando Donald Trump no Forum, onde deverá se encontrar com o ministro do Exterior brasileiro Ernesto Araujo (à dir.). Keystone

Palco privilegiado

Bolsonaro terá o palco exclusivamente para seu discurso, na terça-feira, dia 22. Mas ele também dividirá, em outro momento, o cenário com presidentes latino-americanos para debater o futuro da região. 

De fato, a presença latino-americana promete ser forte, com o presidente Ivan Duque da Colômbia, Lenin Moreno do Equador, além de Mario Abdo Benitez do Paraguai, Costa Rica e Peru.

Um dos temas centrais de Bolsonaro será sua estratégia econômica e comercial. 

“Na próxima semana embarco rumo a Davos, Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial”, escreveu o presidente nas redes sociais. “Estou confiante e feliz com essa grande oportunidade de apresentar a líderes do mundo todo um Brasil diferente, livre das amarras ideológicas e corrupção generalizada”, insistiu.

“Mostrarei nosso desejo de fazer comércio com o mundo todo, prezando pela liberdade econômica, acordos bilaterais e saúde fiscal. Com esses pilares, o Brasil caminhará na direção do pleno emprego e da prosperidade. Espero trazer boas experiências e avanços ao nosso país”, completou.

Para os organizadores, sua mensagem foi interpretada como um sinal claro de que seu governo vem ao evento com a intenção de dar garantias aos empresários internacionais de que a abertura da economia vai continuar, assim como as privatizações e a busca por acordos comerciais bilaterais. 

“O que significa ser anti-global?”

Nesta terça-feira, ao apresentar o programa do evento de 2019,  fundador do Fórum Econômico, Klaus Schwab, deixou claro o interesse dos organizadores pelo novo presidente brasileiro.  “Ele (Bolsonaro) será muito bem vindo para comunidade global”, disse. “Claro, a comunidade global está muito curiosa para ouvi-lo”, afirmou. Questionado se ele não teria valores contrários ao de Davos, o executivo minimizou. “Veremos. O que significa ser anti-global? Ele também tem de trabalhar num cenário global. Caso contrário, não viria para Davos”, apontou.

Bolsonaro, segundo Davos, tem um desafio imediato: unificar o Brasil, depois de um processo eleitoral tenso. “Estamos esperando por sua primeira aparição num plano global”, disse Borge Brende, presidente do Fórum e ex-ministro de Relações Exteriores da Noruega. “Ele deve construir pontes entre as diferentes forças políticas, unificar o País”, insistiu o executivo durante a apresentação oficial do programa do evento, em Genebra. 

Segundo o presidente do encontro, Bolsonaro apresentou um programa “ambicioso” de combate à corrupção e espera que sua equipe econômica possa dar “detalhes” do que ocorrerá no País em 2019 aos principais executivos do mundo. “As empresas vão querer saber mais detalhes”, explicou. 

Corrupção em foco

De fato, outro foco da participação brasileira em Davos será a apresentação de Moro aos empresários e seus planos para reforçar o combate à corrupção. 

No passado, o Fórum chegou a ter Marcelo Odebrecht, condenado por corrupção, como um de seus co-presidentes para a América Latina. Já a Petrobras, antes da Operação Lava Jato, chegou a fazer parte de uma coalizão internacional de empresas em Davos para lutar contra a corrupção.  

Sergio Moro
O ministro da Justiça Sergio Moro participará de dois debates em Davos, sobre corrupção e crime globalizado. Keystone

“Precisamos de uma remoralização da globalização”, defendeu Schwab. No dia 22 de janeiro, o ministro da Justiça será um dos principais integrantes de um debate sobre “restaurar confiança e integridade”. Ele divide o palco com a presidente da entidade Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio, e com o especialista suíço Mark Pieth. 

“Níveis historicamente baixos de confiança entre acionistas estão no coração de muitos desafios políticos e económicos no mundo”, escreveu o Fórum. “Como empresários, governos e sociedade civil podem restaurar integridade e confiança em liderança?”, questiona Davos. 

Dois dias depois, Moro será o principal nome de um debate sobre “crime globalizado”. Ele divide o palco com o secretário-geral da Interpol, Jurgen Stock, e com uma especialista britânica, Karin von Hippel. 

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