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Zermatt busca clientela seleta

Centro de Zermatt em pleno verão. swissinfo.ch

Os preços em Zermatt são mais elevados que na maioria das estações. Uma maneira de evitar o turismo de massa.

A qualidade dos mecanismos de transporte é, porém, superior.

“Não buscamos todos os clientes, visamos uma clientela que se pode dar o luxo de vir de férias a Zermatt”, adverte Roland Imboden, diretor da Agência de Turismo do vilarejo.

Imboden estima haver na Europa e no mundo “uma clientela” para Zermatt. Acrescentando que os responsáveis pelo turismo do lugar “não buscam a massa que não paga caro e pega o lugar de outros que podem pagar…”.

O recado é claro: os turistas com bom poder aquisitivo são suficientes e a preferência é deles. Em função dessa orientação, Zermatt preocupa-se mais com a qualidade, estimando que sempre há quem queira pagar pela qualidade, justamente.

Como a natureza da região é generosa, Zermatt – situado no sudoeste suíço, eqüidistante de Milão, Genebra e Zurique – beneficia-se de uma situação privilegiada, em plenos Alpes, e essa política parece funcionar bem.

Oferta abundante

Um dia de esqui, por exemplo, pode custar até 74 francos – cerca de 56 dólares. Para quem compra um passe para mais dias, sai mais em conta. Mas a estação oferece uma vantagem, quase única: crianças com menos de 9 anos nada pagam.

Deve-se reconhecer, porém, que Zermatt é um paraíso para o esqui. Neve tem o ano inteiro. Sim, mesmo no verão, a 3.500 m, evidentemente em área relativamente pequena. Mas é ideal para se aprender a equilibrar em cima das escorregadias pranchas de esqui.

E além da alternativa do snowboard e do esqui tipo carving – mais confortável – o turista pode optar pelo trenó ou o simples passeio de raquetes ou, ainda, a pé. A oferta turística é, de fato, variada e abundante.

É possível até praticar esqui helitransportado (ou seja utilizando o helicóptero), para não falar das possibilidades de tênis, squash, bilhar, boliche, natação e golfe de sala.

Os teleféricos, telecabines ou telecadeiras são muito modernos. E a estação decidiu renovar tudo dentro de cinco anos. Todo esse conforto – e segurança – se pagam, é claro.

“Best of the Alps”

Nos outros esportes, a fiabilidade é também um item a que se dá muita importância. Ora, isto também tem preço.

Zermatt procura, por outro lado, promover seu logotipo “best of the Alps” criado há 14 anos, o que é para o cliente uma referência de qualidade de uma estação privilegiada pela natureza.

O mesmo logotipo é explorado por St.Moritz, Grindelwald e Davos, na Suíça; Lech e Zürs, St.Anton, Seefeld e Kitzbühel, na Áustria; Garmisch-Partenkirchen, na Alemanha; Megève e Chamonin, na França; Cortina d’Ampezzo, na Itália.

Toque mundano

Na cidade não há carros de luxo, até porque o trânsito é proibido, a não ser para 4 caleches e carros elétricos – quinhentos no total – desde táxi a veículos para transporte de mercadorias e mesmo de gasolina (o primeiro carro elétrico foi introduzido em 1947).

Mas no inverno podem se ver senhoras “bem produzidas” passearem na rua principal com dispendiosos casacos de pele, dando um toque de mundanismo ao pacato vilarejo….

Os três hotéis 5 estrelas atraem ricos e famosos conscientes de que contam com discrição garantida em Zermatt. Isso faz parte também de normas adotadas. Não se divulga no vilarejo a presença de pessoas ilustres.

(Dois dos hotéis de luxo dispõem de caleche para acolher os clientes na estação ferroviária. Note-se que em Zermatt os carros ficam em estacionamento a 5 km da cidade).

Outra estação famosa, a de St. Moritz, no leste suíço, adota postura oposta à de Zermatt, ao ponto de certas personalidades a utilizarem como vitrine.

Isso para Roland Imboden funciona como certa complementaridade, com as características de Zermatt adaptando-se melhor ao perfil de certas pessoas.

Forte presença portuguesa

Note-se, de passagem, que nos 116 hotéis da estação de férias trabalham centenas de portugueses. Eles são a mais forte colônia estrangeira no vilarejo. Segundo estatísticas de novembro de 2003, havia 758 portugueses domiciliados em Zermatt (contra um brasileiro).

E atualmente 486 portugueses dispõem de carteira de residência tipo L (que permite residência de 364 dias no país) e 20 figuram na condição de “pessoas registradas”, ou seja, podem ficar menos de 3 meses…

Explorados no passado, hoje, esses portugueses parecem ser pagos corretamente e serem respeitados pelas suas qualidades de gente discreta, séria, honesta e serviçal.

Sinal de que as coisas melhoram em Zermatt – e não apenas do ponto de vista social – o vilarejo e os responsáveis pelo turismo fizeram também esforços no sentido de acolher de maneira mais afável os turistas.

Estão colocando em prática a máxima conhecida, “o cliente é rei”, embora, lembra Roland Imboden, às vezes esse mesmo cliente deveria também se comportar como rei.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa, Zermatt

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