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Profissionais do sexo de Genebra podem ter que voltar para a escola

A prostituição é legal na Suíça desde 1942 Keystone

Um projeto de lei quer obrigar as novas profissionais do sexo em Genebra a seguir cursos sobre a lei da prostituição, prevenção da saúde e como lidar com os clientes. A iniciativa segue um aumento recente no número de prostitutas que vão trabalhar na região.

“Os cursos se concentram principalmente em medidas de saúde e prevenção e serão obrigatórios para todas as novas profissionais do sexo registradas em Genebra”, disse Nicolas Bolle, secretário-geral adjunto da secretaria de segurança e economia de Genebra.

As aulas, de 90 minutos por dia, também ensinarão as obrigações com os clientes e os salões de massagens ou agência de acompanhantes, explicou Bolle ao jornal GHI na quarta-feira (06).

“Elas devem aprender como funciona a lei da prostituição de Genebra, quanto cobrar aos clientes, prevenção de saúde e exames sanitários, bem como as associações que podem ajudá-las”, acrescentou.

Na Suíça, a prostituição é legal desde 1942. Quando realizada voluntariamente, é considerada uma forma de atividade econômica autônoma e o produto está sujeito a imposto. Mas quem a pratica precisa estar com seus papéis em ordem, ter autorização de trabalho ou de residência e declarar sua ocupação para as autoridades cantonais.

A ideia dos cursos de Genebra segue as recomendações dos auditores do “Cours des Comptes”, o Tribunal de Contas do cantão, sobre a falta de informações das recém-chegadas sobre a profissão, a situação local e os riscos.

“Dado o grande número de imigrantes que procuram nossos serviços, esses cursos serão ministrados diariamente em várias línguas por assistentes sociais e serão gratuitos”, disse Bolle.

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Este conteúdo foi publicado em Lisa veio da França para a Suíça para poder praticar seu comércio legalmente. (Raffaella Rossello, swissinfo.ch)

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Aumento em números

Genebra tem testemunhado nos últimos cinco anos um grande aumento no número de prostitutas que chegam para trabalhar na região, principalmente da Espanha, Hungria, França e Romênia. Em 2016, 10.096 prostitutas se registraram oficialmente na polícia de Genebra.

Mas, segundo Bolle, na realidade apenas 700-900 praticam em uma base diária. Muitas trabalham ocasionalmente em salões de massagem durante três meses e não dizem à polícia para tirá-las do registro quando saem do cantão.

Também não está claro quantas podem estar residindo ilegalmente no cantão.

“É difícil dizer, já que essa é uma área cinzenta”, disse Bolle. “Mas acho que deve ser provavelmente uma minoria.”

De acordo com a proposta, os cursos serão administrados pela Aspasie, uma associação que defende as prostitutas de Genebra desde 1982 e reúne especialistas em saúde e trabalho social, bem como ex-profissionais do sexo.

O porta-voz da Aspasie, Michel Félix, disse ao jornal GHI que era essencial que ex-prostitutas estivessem envolvidas para garantir a credibilidade, especialmente quando se tratava de questões de como negociar com os clientes e como reduzir os riscos de violência e propagação de doenças venéreas.

As assistentes sociais também estarão disponíveis para fornecer informações sobre como evitar a exploração e o tráfico de seres humanos, bem como programas de reorientação profissional.

Mas o projeto, que custará 200 mil francos para montar e 100 mil por ano, ainda precisa da luz verde do parlamento cantonal e isso pode levar pelo menos um ano, de acordo com Bolle.



Adaptação Fernando Hirschy

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