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É impossível prever o que vai ocorrer se Panamá fechar Darién a migrantes (Unicef)

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Um dirigente do Unicef afirmou, nesta sexta-feira (17), que é impossível prever o que vai acontecer se o Panamá fechar a selva de Darién aos migrantes, como prometeu o presidente eleito do país, José Raúl Mulino, durante a campanha eleitoral. 

“É muito difícil prever o que vai acontecer, mas pela experiência que existe em outros locais onde foram impostas barreiras, [os migrantes] tendem a procurar rotas alternativas que por vezes até colocam em maior risco as pessoas que estão atravessando a fronteira”, disse à AFP o vice-representante do Unicef no Panamá, Vicente Terán. 

O fechamento da selva fronteiriça com a Colômbia foi uma das principais promessas de Mulino, que assume o cargo em 1º de julho. O presidente eleito também disse que vai deportar os migrantes que entrarem no país por esta região.

Em 2023, mais de 520 mil migrantes cruzaram a selva, onde existem perigos naturais, como animais selvagens e rios caudalosos, e onde operam gangues criminosas que atacam, estupram e matam quem passa por ali. 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e outras organizações internacionais mantêm pessoal nas aldeias de Darién para prestar assistência aos migrantes que chegam da Colômbia após uma caminhada arriscada de três, cinco ou mais dias pela selva. 

A Unicef informou na quarta-feira que nos primeiros quatro meses deste ano mais de 30.000 crianças cruzaram o Darién, 40% a mais do que no mesmo período em 2023. 

O número de crianças migrantes que atravessam a selva sem os pais também aumentou. “No ano passado, 3.300 crianças desacompanhadas ou separadas [dos pais] cruzaram [o Darién]. Nos registros que temos nos primeiros quatro meses, já são 2.000”, indicou. 

“As necessidades dos meninos e meninas adolescentes desacompanhados […] são muito maiores, porque correm muito mais risco de abuso, exploração ou o perigo até mesmo de tráfico de pessoas”, destacou o responsável.

Terán destacou que “os aspectos que explicam este aumento de meninos e meninas adolescentes que fazem a travessia são vários”, entre eles a “reunificação familiar”, em referência aos pais que já estão nos Estados Unidos e fazem com que seus filhos viajem. 

No entanto, a pobreza em seus países de origem, a instabilidade política e “as emergências climáticas […] também fazem com que muitos adolescentes vejam [a migração] como uma saída para estas situações”, acrescentou.

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