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“Exportamos valores suíços”

Merz mostra aos suíços do estrangeiro o "peso" dos impostos. swissinfo.ch

Para suíços do estrangeiro, o 83º congresso em Interlaken possibilitou o contato direto com o governo e personalidades internacionais, reforçando sua identidade helvética.

Se Hans-Rudolf Merz lembrou a contribuição dos imigrantes suíços, Adolf Ogi mostrou como o esporte pode trazer paz para o mundo.

Muito além de ser um encontro de velhos amigos, o congresso anual de suíços do estrangeiro também é um espaço privilegiado ao debate político. Afinal, poucos eventos permitem um contato tão íntimo entre representantes do poder e os cidadãos que imigraram e vivem espalhados no mundo.

Na atual edição do congresso, que se realiza atualmente em Interlaken, região central da Suíça, o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz foi convidado para falar aos duzentos participantes sobre a importância do turismo para o futuro do país.

No seu discurso, realizado pela manhã, Merz agradeceu pela vinda de todos, apesar da região ter sido recentemente atingida por grandes inundações.

– Vocês mostram aos habitantes do nosso país que as pessoas podem não apenas voltar, mas devem voltar a essa bela região. Essa é a contribuição de vocês à reconstrução. Essa é sua solidariedade e merece todo o respeito – declarou.

Turistas gastam 22,6 bilhões

O ministro das Finanças aproveitou a ocasião para explicar a importância do turismo para a economia helvética.

– Só no ano passado, turistas gastaram 22,6 bilhões de francos na Suíça, sendo que mais da metade veio do bolso de estrangeiros – explicou Merz.

O setor, que responde por 3% do PIB helvético, não é apenas importante para os hotéis, restaurantes e agências de viagem na Suíça. Muitos empregos existem graças aos gastos feitos pelos turistas na compra de relógios, jóias, lembranças e na utilização dos trens e ônibus das empresas regionais.

Aos suíços do estrangeiro presentes em Interlaken, o ministro falou sobre o plano do governo de simplificar os impostos sobre consumo, uma reforma que deve incrementar não apenas o turismo, mas também outros setores econômicos do país.

– Os impostos são complicados e a situação chegou num limite que não podemos mais aceitar. O governo federal luta agora por um sistema ideal: um imposto sobre consumo facilitado e com uma taxa única, acabando com 25 exceções – disse.

Durante o discurso, o ministro colocou sobre o oratório um calhamaço de papéis que, nas suas palavras, simbolizaria o “peso” dos impostos para os contribuintes.

Valores suíços no mundo

Para Hans-Rufolf Merz, o sucesso econômico do país deve muito à contribuição dos suíços do estrangeiro. A estes, ele agradeceu pessoalmente:

– Vocês exportam os valores suíços que construíram esse país como a precisão, pontualidade, credibilidade e amor ao trabalho – explicou, que também já viveu alguns anos no exterior.

O ministro das Finanças lembrou que viu na América Latina exemplos de suíços ou seus descendentes, que se aplicavam suas qualidades e tradições no seu dia-a-dia nas empresas.

– É o engenheiro que chega a reparar as máquinas com suas próprias mãos. É o diretor de finanças que informatiza a contabilidade com seus próprios esforços. É o chefe que conhece seus funcionários e que chega em primeiro lugar e é o último a sair – relatou.

Cozinheiro de renome mundial

Um dos palestrantes no congresso foi um exemplo do suíço que imigrou e se tornou conhecido internacionalmente: Anton Mosimann, chefe de cozinha e empresário estabelecido em Londres.

Entre outros, ele já cozinhou para várias personalidades como presidentes dos EUA, Elton John, Pelé, Arafat, o príncipe Charles e a rainha Elizabeth, de quem recebeu a Ordem do Império Britânico.

Em Interlaken, ele falou sobre sua vida, de como saiu de um pequeno povoado em Bienne para trabalhar em 75 diferentes cidades e nos melhores hotéis do mundo. O segredo do sucesso, na sua opinião está na “obsessão” suíça de só aceitar a perfeição, não importando a profissão escolhida.

– Eu nasci para ser cozinheiro e vou continuar sendo um. Para mim, a paixão da vida é lutar por objetivos que ninguém acredita serem possíveis.

O suíço foi também pioneiro na Inglaterra ao ser um dos primeiros gastrônomos a introduzir um sistema de patrocínio, onde empresas emprestam seu nome para diferentes salões de um restaurante exclusivo em Londres.

Esporte acima de tudo

O ponto alto da participação de personalidades no congresso foi, para muitos presentes, o discurso de Adolf Ogi, conselheiro especial para Esportes na Organização das Nações Unidas (ONU).

Ogi, que durante vários anos foi ex-ministro de Estado na Suíça, viaja intensamente com o objetivo de incentivar a criação de programas esportivos em vários países. O projeto nasceu em 2003 com a aprovação de uma resolução na ONU, para quem o esporte pode ser uma contribuição importante à paz e ao combate do terrorismo.

– Temos atualmente cerca de 70 diferentes conflitos no mundo. Muitos jovens vivem diariamente a frustração da pobreza ou do exílio nos campos de refugiados. Esporte é um elemento capaz de ensiná-los a aceitar regras e entender seus oponentes – disse.

O ex-ministro, que recentemente esteve no Brasil para conhecer o projeto de apoio ao esporte patrocinado pelo governo brasileiro, lembrou que muitas pessoas consideram utópico o programa da ONU. Porém ele deu exemplos concretos:

– Um deles foram os jogos de críquete a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares, em dezembro de 2004. Esse evento foi capaz de melhorar sensivelmente o diálogo entre os dois países em conflito permanente muito mais do que a política.

swissinfo, Alexander Thoele, Interlaken

Em 2004, turistas gastaram 46 bilhões na Suíça.
65 milhões de pernoites foram registrados no mesmo ano.
A hotelaria suíça dispõe de 258 mil camas.
45% dos visitantes vêm de outros países.
O setor do turismo emprega 240 mil pessoas.

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