"Síndrome dos Bálcãs" assusta a Europa.
Morte suspeita e fulminante de mais 6 soldados italianos que serviram na ex-Iugoslávia pode ser conseqüência da utilização pela OTAN de munições com urânio empobrecido. Itália pede esclarecimentos, outros países da UE apoiam e a Suíça também reage...
Os que suspeitam que contaminação nuclear esteja na origem dessas mortes lembram que antes dos 6 soldados italianos, cinco soldados belgas, dois holandeses e um português pereceram em circunstâncias semelhantes depois de terem servido na ex-Iugoslávia na década passada. Lembram também que 4 soldados franceses sofrem de leucemia...
A Itália pediu explicações à OTAN, solicitando estudo detalhado sobre os locais visados por munições com urânio empobrecido na Bósnia. França, Bélgica e Portugal apoiaram o pedido. Um relatório científico é esperado para março.
O urânio empobrecido, metal pesado pouco radioativo, é utilizado em munições para que possam perfurar blindados. No ano passado, nos bombardeios americanos em Kosovo, foram utilizados mais de 30 mil obuses contra blindados sérvios. Inglaterra e França também dispõem desse material, mas dizem que nunca o utilizaram.
Mas sabe-se que a munição fora empregada na Guerra do Golfo em 1991 e na Bósnia , 1994-95.
As mortes e as doenças recentes, na opinião de certos especialistas, explicam-se pela inalação de partículas radioativas que provocam essas munições com urânio enriquecido. Militares do Quartel General das Forças Aliadas na Europa consideram "virtualmente" nulos esse risco.
Resta que também a Suíça não vai ficar indiferente, garante porta-voz do Estado Maior General. Essas mesmas autoridades estimam porém que 153 soldados suíços estacionados em Kosovo não correm grande perigo. Eles não se encontram em região atingida pelas bombas denunciadas.
E quanto aos 420 boinas amarelas suíços que apoiaram o trabalho da OSCE, Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, realçam que eles chegaram à Bósnia depois das hostilidades.
Uma pesquisa realizada em julho por equipe do laboratório suíço especializado - Laboratório AC de Spiez - concluiu haver ausência quase total de perigo. A não ser que a exposição tenha sido prolongada junto a destroços contendo urânio empobrecido.
Por outro lado, a Espanha anunciou na semana passada intenção de submeter a exame médico os 30 mil militares do país que serviram nos Bálcãs desde 1992. Portugal, Finlândia, Turquia, Bulária decidiram fazer o mesmo. A Suíça estuda ainda a questão...
A polêmica estaria apenas começando.
swissinfo com agências.

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