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25 anos a fomentar os negócios entre Suíça e Portugal

Gregor Zemp, Secretário Executivo da CCISP Luis Guita

Há 25 anos, a Câmara de Comércio e Indústria Suíça em Portugal (CCISP) nasceu inspirada pela ideia de constituição de uma comunidade económica suíça em Portugal.

Mas, com o tempo, adaptou-se e hoje, com maior abertura às empresas portuguesas, é uma plataforma de referência bilateral.

A CCISP procura que os melhores parceiros se conheçam e assim  se consiga um casamento entre empresários que procuram dinamizar investimentos num país que não é o deles. Quer a iniciativa surja de uma empresa suíça ou portuguesa, à  Câmara cabe o papel de promover o encontro.

Uma plataforma dinâmica de contactos

O casamento entre empresas é, segundo o Secretário Executivo da CCISP, Gregor Zemp, feito de uma forma muito prática: “ajudamos as empresas a identificar parceiros de negócios e abrimos as portas,” e a “Câmara é a plataforma onde estas duas empresas se encontram”.

Mas, além destes serviços, em prol das empresas, a Câmara organiza eventos, todos os anos e em vários formatos, que funcionam também como ponto de encontro.

”Recentemente realizámos um workshop, sobre alterações fiscais e alterações de legislação do trabalho, em que tivemos mais de 100 inscritos, quando a nossa expectativa era ter, mais ou menos, 50 pessoas. Ou seja, tivemos de dividir o grupo em 2,” revela Gregor Zemp.

Outra iniciativa foi o almoço com o presidente da empresa portuguesa Renova. “Um evento no sentido da internacionalização, onde mostrámos o exemplo de alguém que já o fez. Porque pensamos que além do falar da necessidade de se internacionalizar e de exportar, o que toda a gente já sabe, também é preciso ouvir quem já o fez, quais foram as experiências. De uma forma bastante interativa “

Exemplo de outro género de eventos que a CCISP organiza são as visitas a empresas e os cocktails. Um “tipo de Networking Events que fazemos em Lisboa, Porto, Algarve. E, depois, temos eventos na Suíça em que explicamos a empresas suíças como funcionam as coisas em Portugal.”

Empresas suíças de regresso Portugal

Após as experiências “nem sempre muito interessantes” que empresas suíças fizeram na Ásia e no Leste da Europa, Gregor Zemp assinala a tendência de regresso a Portugal. O país “está novamente a ser mais interessante.” Empresas que “saíram nos anos 90, e outras, precisam do Fabricado na Europa, necessitam do que é feito mais perto da Suíça.”

Um interesse crescente que é, também, reflexo da necessidade de reduzir a pressão dos custos.  “Como o franco suíço ficou demasiado  forte a indústria de exportação teve muitos problemas. Uma forma de reagir é baixar os custos com outsorcing  de partes da empresa.  E Portugal é uma boa alternativa.”

Têxtil, calçado e couro, são áreas onde existe uma tendência crescente de empresas suíças à procura de fornecedores ou parceiros. “Às vezes montam aqui uma linha de produção em joint-venture com uma empresa portuguesa.”

Sinal da modernização é o fato que não são apenas  os clusters clássicos que continuam a ser fortes e cada vez mais reconhecidos como Fabricado em Portugal. “O interessante é que também existem outras áreas. Por exemplo, agora ajudámos uma empresa suíça, na área de informática, que abriu uma sucursal em Portugal. Porque há uma grande falta de informáticos, em vez de as pessoas emigrarem para lá, esta empresa optou por constituir aqui uma sucursal. Os programadores podem ficar aqui, no ambiente familiar.”

Dar a conhecer, para melhor vender a qualidade portuguesa

 Na perspetiva da CCISP, a boa qualidade dos produtos portugueses pode ser um fator de peso na conquista do mercado suíço. Contudo, decisivo paro o sucesso junto do mercado suíço é uma melhor promoção e apresentação das mais-valias daquilo que Portugal tem para oferecer. O que passa por trabalhar a imagem do país de uma forma mais eficaz e incisiva.

“O branding de Portugal é fraco, para não dizer inexistente, em grandes partes da Suíça.” Para ter mais atratividade torna-se, então, necessário trabalhar o branding. Com esse objetivo já aconteceram reuniões entre CCISP e representantes do Governo, mas é preciso um maior envolvimento português para poder “fazer e reforçar a imagem de Portugal na Suíça.”

Porque, “se o país não tem nenhuma imagem, os suíços também não se vão lembrar que seria uma possibilidade o fazer algo aqui.” Essa imagem é o elemento que pode, “pelo menos, chamar a atenção. Depois, se fazem ou não é uma questão de avaliação. Portugal pelo menos tem que entrar na avaliação.”

Por natureza os portugueses são reservados e esse é um aspeto que, na perspetiva de Gregor Zemp, se torna um obstáculo ao sucesso. Por exemplo, ”quando um italiano faz qualquer coisa, diz que é o melhor que há e vende isso, por natureza. Enquanto os portugueses são reservados e não mostram o que têm de bom. O que às vezes é complicado ao nível do marketing. Mas, no fundo, o mais importante é a qualidade do produto. Mais cedo ou mais tarde é isso que vai vencer, só que com um marketing menos eficaz vai demorar mais tempo.”

A Câmara de Comércio e Indústria Suíça em Portugal em 2011 cresceu 30%, neste momento tem 135 associados.

O ano de 2012 começou com as mesmas indicações e, apesar de não serem “os números que aliciam ”mas sim “uma boa qualidade de trabalho”, a CCISP em breve pode atingir os 150 associados.

A distribuição, por setores, dos produtos que a Suíça importa de Portugal é bastante equilibrada : papel, têxtil, calçado, madeira, mobiliário.

 
A distribuição, por setores, dos produtos que Portugal importa da Suíça é muito desequilibrado: os produtos farmacêuticos são mais do que o dobro do restante. Eles têm um papel fulcral.

Swissinfo: Qual a sua perspetiva para Portugal em 2012?

Gregor Zemp: Tenho uma perspetiva otimista. A parte boa do meu trabalho é que muitas vezes vejo coisas que não estão nos meios de comunicação social. A minha fonte de informação são as empresas, diretamente.  E vejo que há muitas empresas que fazem coisas maravilhosas, interessantes,  viradas para o futuro.


De forma geral penso que vai ser preciso aguentar este ano e passar da melhor forma possível. Há empresas que me dizem que não têm crise nenhuma. Há empresas que me disseram que 2011 foi o melhor ano de negócios que já tiveram.  Na área da construção ouvi isso, no setor alimentar também, no setor mobiliário também. Estas empresas que estão bem colocadas e têm bons produtos vão continuar a existir.  Só espero que, na parte governamental  Portugal seja organizado, de tal forma que o dinheiro necessário seja bem aplicado.

 
 Se nesta base as coisas podem crescer em Portugal,  este país vai ser muito interessante, embora sempre pequeno.  Mas, como os suíços sabem, não é só o tamanho que faz a maravilha. Quando as coisas são bem feitas,  quando o produto é bem trabalhado,  quando se faz um bom branding,  pode-se ter um caso muito interessante.  Por isso, penso que este ano de 2012 serve para refletir, repensar as coisas, apostar na qualidade.  Penso que Portugal vai dar a volta e daqui a cinco ou dez anos vai ser um país muito interessante.

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