Será este o último suíço a produzir sinos de vaca?
Peter Preisig pode ser facilmente encontrado em seu ateliê localizado em uma antiga fábrica de pólvora. Mas em vez de explosões, é o tilintar de martelos em metal que se ouve ao perambular pelo local, escondido no meio de uma floresta.
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Dahai estudou língua e literatura chinesa na China. Ao se mudar para a Suíça, se tornou especialista em tecnologia de redes de computadores. Se formou como jornalista, adquiriu e desenvolveu conhecimentos sobre mídia, técnicas fotográficas, programação de computadores e outros. Participou da criação da redação em chinês da swissinfo.ch em 2001, onde desde então trabalha.
Quando jovem, Preisig Link externoviu que a arte e a técnica tradicional de fazer sinos de vaca nos Alpes estava morrendo, então ele decidiu agir. Ele diz estar fascinado com o fato de que matérias-primas simples podem ser usadas para criar um instrumento com tons tão ricos.
Ele passou muitos anos desempenhando diversos trabalhos – da indústria automobilística até a engenharia mecânica – antes de se tornar um ferreiro autodidata. O aprendizado levou quase 20 dos seus 45 anos de idade, e há quatro anos ele se dedica em tempo integral à fabricação de sinos.
Antes da chegada de Preisig, todos os tradicionais sinos de pastagem conhecidos como “Senntumschellen” no dialeto alemão vinham da região austríaca do Tirol, de forma que ele está ajudando a manter vivo um ofício antigo.
Os “Senntumschellen” são um conjunto de três enormes sinos de vaca, feitos à mão, que possuem harmonias específicas. Somente as três vacas líderes têm o direito de usá-las durante o pastoreio anual do gado descendo das montanhas da pequena região oriental de Appenzell.
A chapa de aço cortada é abrasada no forno antes de Preisig trabalhar nela com seu martelo. Este processo é repetido cerca de 20 vezes. A chapa de aço original se transforma gradualmente em meia campânula.
O segredo para criar estes instrumentos está no som, que é feito por camadas de latão ou bronze antes de ser sinterizado na placa de aço da campânula e queimado a 1.500-1.600°C.
Em seguida, o sino é revestido com barro, e projéteis de bala esmagados feitos de latão, cobre e zinco são colocados entre a campânula e o manto de barro. Quanto mais grosso o metal, maior é o tom. A liga de aço também desempenha um papel, assim como a garantia de que o metal é processado uniformemente. O resto é segredo. Não existem dois sinos com o mesmo aspecto ou som.
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Assim soa um sino feito a mão
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O som do sino vai de oco e nítido a grosso e profundo, e os seus ecos são longos e delicados.
Os sinos originalmente ajudavam os donos a localizar as vacas perdidas ou a determinar qual vaca pertencia a qual fazendeiro, com base em seu som. A tecnologia moderna deveria ter tornado os sinos de vaca obsoletos, mas como diz Preisig, a tecnologia “não pode substituir a cultura por trás dela”.
Há até mesmo um festival suíço de sinos de vaca a cada três anos, destacando a importância dessa tradição.
O website de Preisig diz que seu objetivo é preservar e transmitir o ofício em sua forma original. Ele acredita ter tido sucesso, mas admite que, como um artesão que vive de seu ofício, ele não se tornará rico.
Preisig duvida que algum de seus três filhos se interesse em seguir seus passos, mas tem esperança de que venha alguém a quem ele possa transmitir as habilidades para levar adiante a tradição.
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Por quem os sinos dobram
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Depois de um árduo processo de fabricação, o sino da vaca emite um som peculiar que resulta de uma sigilosa técnica de fundição do cobre.
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