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O plano COVAX pode ajudar os países mais pobres na corrida pelas vacinas?

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Os países em desenvolvimento estão ficando para trás na corrida pelas vacinas. Na África, por exemplo, apenas um pequeno número de países tem conseguido assegurar o fornecimento de vacinas. A maioria deles está confiando no programa COVAX e na União Africana. Copyright 2021 The Associated Press. All Rights Reserved

O programa COVAX da OMS diz que espera começar a lançar vacinas contra a Covid-19 em países de baixa e média renda no primeiro trimestre de 2021. Mas como as nações ricas fazem acordos bilaterais e lutam entre si por suprimentos, será que o COVAX será realmente capaz de assegurar uma distribuição "justa e equitativa" para todos os países?  

O COVAX anunciou em 3 de fevereiro que espera começar a lançar um estoque limitado da vacina Pfizer BioNTech, que já recebeu a aprovação da OMS para uso emergencial, no final de fevereiro. O programa também espera ter quantidades maiores da vacina AstraZeneca, cuja aprovação está pendente, e começar a distribuí-las no segundo trimestre do ano. O pool de vacinas da OMS publicou sua primeira “previsão de distribuição provisóriaLink externo” para o primeiro semestre, com detalhes sobre o que cada país membro poderia esperar em termos de entregas.  

“Isso representa um passo importante para fornecer aos governos e responsáveis pela saúde pública as informações de que precisam para implementar medidas práticas para o fornecimento de doses precoces e um lançamento nacional bem-sucedido de vacinas”, disse o programa da OMS. Mas também advertiu que esta “distribuição indicativa” é “não vinculativa e pode estar sujeita a mudanças”. 

Um recente comunicado de imprensaLink externo da Gavi, a Aliança de Vacinas que lidera a aquisição e entrega do programa, também disse que está “no caminho certo para entregar pelo menos 2 bilhões de doses” de uma cesta de vacinas Covid-19 até o final do ano, incluindo pelo menos 1,3 bilhões de doses para 92 países de menor renda. Isto lhe permitiria atingir seu objetivo de cobrir 20% da população de cada país, ou seja, os trabalhadores da saúde e os mais vulneráveis.  

O COVAX é co-presidido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Gavi e a Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI).

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Preparação para a implantação 

Seth Berkley, CEO da Gavi, disse aos jornalistas da ONU com sede em Genebra, em 26 de janeiro, que o COVAX estava trabalhando com parceiros, incluindo a UNICEF, para assegurar o “maior e mais rápido lançamento da história”. Kate O’Brien, Diretora de Imunização, Vacinas e Biotecnologia da OMS, disse que os preparativos para o lançamento estavam bem adiantados. “Já realizamos treinamentos através de meios virtuais” e exercícios de simulação, disse ela em um briefing com a imprensa. O objetivo é assegurar que os países estejam prontos para começar a vacinar seus grupos de alta prioridade.  

Perguntada sobre países específicos e se eles teriam escolha de vacina, Berkley disse que isso dependeria da entrega do fornecimento e se eles haviam solicitado uma vacina específica. “Trabalharemos duro para dar a eles uma escolha”, disse. A vacina AstraZeneca é mais fácil de transportar e armazenar, apontou ele, enquanto a vacina Pfizer requer temperaturas muito baixas. Berkley também expressou a confiança de que o programa COVAX teria mais vacinas a caminho, graças, especialmente, ao apoio do programa à pesquisa e desenvolvimento.  

Ele elogiou os esforços dos países doadores, dizendo que a iniciativa já arrecadou US$ 6 bilhões (CHF 5,4 bilhões) dos US$ 8 bilhões necessários para a aquisição e fornecimento de vacinas. Ele também saudou as declarações do novo presidente dos EUA, Joe Biden, de que os EUA iriam se juntar ao programa COVAX. 

Falha moral? 

Isso ocorre porque os países ricos – seja no COVAX ou não – já negociaram acordos bilaterais com empresas para garantir vacinas para suas próprias populações e agora estão fechados em uma batalha por suprimentos à medida que as empresas atingem problemas de produção. Os países mais pobres têm sido largamente deixados de fora. 

O diretor-geral da OMS Tedros Ghebreyesus, da Etiópia, alertou repetidamente contra o “nacionalismo vacinal” e recentemente intensificou seus avisos, dizendo que “o mundo está à beira de um catastrófico fracasso moral – e o preço deste fracasso será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres do mundo”. 

Questionado sobre esta realidade, Berkley respondeu que, a partir de agora, “as vacinas foram lançadas quase exclusivamente em países ricos e a preocupação é que, se eles continuarem a comprar doses, isto pode ser um problema para ter mais doses disponíveis para o resto do mundo”. Ele enfatizou que se restarem “grandes reservatórios circulantes” do vírus, isto coloca o mundo inteiro em risco, especialmente à medida que novas cepas vão surgindo. “Só estaremos seguros quando todos estiverem a salvo”, declarou aos jornalistas na ONU, em Genebra.

Adaptação: Fernando Hirschy

Adaptação: Fernando Hirschy

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