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A guitarra, anjo e demônio

Atrás de um amontoado de cadeiras quebradas, como nos concertos dos anos 60, o ícone de Hendrix. swissinfo.ch

Hendrix, Clapton, Page, Townshend... Os "guitarristas heróis" e seus instrumentos legendários estão expostos no Museu da Comunicação, em Berna, capital suíça.

Jamais um instrumento musical representou tão bem uma música, uma cultura e simbolizou toda uma época.

«Pensamos que a guitarra elétrica seria um tema interessante para nosso museu porque fazemos exposições temáticas de comunicações e nunca havíamos abordado a música”, explica Ulrich Schenk, responsável do projeto, que trouxe a exposição da Alemanha para Berna, capital suíça.

“E a guitarra é mais que um meio de fazer música, acrescenta. É também um meio único de comunicação. É um símbolo da cultura pope, do rock, e foi muito importante nos últimos setenta anos. Isso já bastaria como tema exemplar para monstrar como a comunicação funciona na cultura e na sociedade.”

Uma guitarra produz som, música. Mas, mais do que qualquer outro instrumento, ela comunicou uma gestual, uma atitude – uma atitude rock. Se a imagem do jazz tem a forma de um piano ou de um saxofone, a do rock parece com uma Fender ou uma Gibson, duas marcas mais famosas.

Nos anos 60 e 70, os posters dos “heróis da guitarra”, suas poses, contribuíram amplamente para a construção da suas próprias mitologias e da mitologia do rock – em uma época em que a televisão evitava divulgar as imagens dos ídolos questão.

A exposição, aliás, aborda a história do instrumento, seu impacto na sociedade e o mito.

Mitologia

Em Berna, para começar, o apaixonado fica pasmo de admiração, tamanha é a riqueza e o explendor da coleção de instrumentos.

Primeiras guitarras eletreficadas dos anos 30 e 40, quando o objetivo era simplesmente dar um pouco mais de potência a um instrumento discreto demais para os grupos da época.

Olhar emocianado também para a primeira guitarra elétrica manufaturada, uma espécie de frigideira com seis cordas fabricada por Adolph Rickenbacher, um suíço-alemão que emigrou para Los Angeles. A marca Rickenbacker (com o ck substuindo o ch) conntinua sendo uma referência para os músicos.

As guitarras eram iniciamente “hollow bodies” (com caixa acústica), depois “solid bodies” (corpo inteiro), estas inventadas pelo americano Les Paul, em 1940.

Os instrumentos que ainda fazem o rock de hoje em dia, surgiram com a Telecaster de Leo Fender (1950), Stratocaster (1954) e a Gibson Les Paul (1958). Todos esses os instrumentos estão lá, em vitrines, e os modelos que se seguiram, especialmente a aerodinâmica “Flying V” e a linha Ibanez.

Num telão desfilam os ídolos em concertos ou ensaios, de Alvino Rey (1941) a Tribute to Nothing (2004) passando por The Who (1967), Deep Purple (1970), Frank Zappa (1979) ou Steve Vai (2001). São 76 minutos de espetáculo!

Em outro espaço, você pode subir num pequeno palco. Atrás está um muro de amplificadores Marshall. No piso, como “retorno de palco”, estão dois monitores onde os roqueiros mais selvagens

Aparecem Hendrix copulando com sua Stratocaster antes de queimá-la. Peter Towshhend quebrando tudo numa explosão de decibéis. Ritchie Blackmore num estranho corpo-a-corpo. Kurt Cobain penetrando um amplificiar com o braço da guitarra.

Rock na Suíça

Se a exposição surgiu na Alemanha, o Museu da Comunicação de Berna a completou com vários elementos helvéticos.

Além da referência a Adolph Rickenbacher, a Suíça está presente com imagens, em vídeo, de acontecimentos marcantes como e choques entre a polícia e fãs (Rolling Stones, em 1967, Hendrix em 68, ambos em Zurique, Dampfzentrale em Berna, em 1987) e pela música.

Pode-se ouvrir também antigas estrelas do rock da suíça-alemã como Toni Vescoli ou Fernando Von Arb (Krokus), entre outros.

Favor tocarr!

Mas a exposição de Berna é realmente interativa. Tudo é para ver E ouvir. Primeiro, em cada vitrine, pode-se fauer o gesto cotidiano e simbólicamente erótico do roqueiro: se conectar, colocar a ficha na tomada, inclusive os instrumentos de coleção.

Também é possível pegar. “O visitante dever ter a possibilidade de pegar uma guitarra com as mãos. Não somente ver as guitarras raras mas também sentir fisicamente a guitarra”, sublinha Ulrich Schenk.

Uns trinta instrumentos estão à disposição. Para ser rock até o fim, os visitantes quebrá-las? “Não! Infelizmente não”, responde sorrindo o responsável do projeto. “Temos guitarras infláveis e eles podem tentar. Mas a solução é comprar uma guitarra barata e quebrá-la em casa!”

Para Ulrich Schenk, o rock decididamente não é um objeto de museu. Quais são então os “heróis” que o marcaram? “Jimmy Henrix é uma legenda. Sem ele, a guitarra elétrica não seria o que é hoje. Mas eu prefiro os grupos aos guitarristas de Fórmula 1 que são os solistas … Eu sou filho do punk!”.

Se os punks agora tomam conta de nossos museus, para onde vamos? «God Save The Queen», como diziam os Sex Pistols.

swissinfo, Bernard Léchot

«Stromgitarren – guitarras elétricas», fica até 30 de abril de 2006
Museu da Comunicação, Helvetiastrasse 16, Berna.
Aberto de terça a domingo, das 10 às 17 heures.
Vários concertos e projeções estão programados durante a exposição.

– A exposição “guitarras eleétricas” foi concebida na Alemanha, pelo Deutsches Technikmuseum de Berlim e o Landesmuseum für Technik und Arbeit de Mannheim e mostrada nas duas exposições.

– O Museu da Comunicação de Berna retomou os principais elementos da exposição e a completou com aspectos especificamente suíços.

– Além de imagens e objetos, a exposição é principalmente interativa: propicia ao visitante entrar em ricos arquivos de sons e de testar muitos modelos de guitarra.

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