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A voz dos suíços no estrangeiro

Música tradicional para receber a ministra das Relações Exteriores. Keystone

Durante o Congresso de Suíços do Estrangeiro, Micheline Calmy-Rey, a ministra das Relações Exteriores, qualificou a comunidade helvética no exterior de construtura de pontes entre as culturas.

Seus representantes presentes em Genebra aproveitaram a ocasião para apresentar seu programa para as eleições federais de outubro.

“Vocês escolheram viver fora do país, mas continuam sendo suíços”, declarou a ministra das Relações Exteriores no sábado, em Genebra. Ela também qualificou as comunidades helvéticas, a chamada “5ª. Suíça”, de “construtoras de pontes sociais, culturais, políticas e econômicas”.

A Organização dos Suíços do Exterior (ASO, na sigla em alemão), reúne representantes de todas as partes do mundo para o seu congresso anual, que em 2007 ocorreu de sexta-feira a domingo em Genebra, a maior cidade de língua francesa do país.

“Estamos orgulhosos da nossa diáspora. A voz de vocês ecoa como a da Suíça oficial”, acrescentou Micheline Calmy-Rey.

Críticas e inquietude

A ministra foi muito questionada pelos mais de 500 suíços presentes no encontro. Algumas das perguntas mais polêmicas estavam relacionadas aos cortes de orçamento das escolas suíças no estrangeiro e também ao fechamento de consulados.

Sobre este último ponto, Calmy-Rey defendeu a política mantida pela sua pasta, explicando que a reorganização do serviço consular deve-se ao reforço da presença helvética no continente asiático. Outro argumento foi o plano de corte de despesas aplicado a todos os órgãos do governo suíço.

Alguns dos presentes lembraram que muitos cônsules honorários se queixam dos maus pagamentos, apesar de terem assumido o trabalho que antes era realizado pelos consulados que fecharam suas portas. A ministra prometeu encontrar juntamente com a Organização dos Suíços do Exterior uma solução o mais breve possível.

Assento parlamentar

Os 645.000 suíços que vivem fora das fronteiras do países representam 10% da população helvética. Micheline Calmy-Rey ressaltou que o peso político dessa comunidade é “uma evidência aritmética”.

Ela defendeu que a introdução do voto eletrônico poderá consolidar uma melhor a representação dos suíços do estrangeiro. A ministra, os cantões e a chancelaria federal declararam em conjunto que farão mais esforços nesse sentido.

Como seus representantes indicaram, os suíços do estrangeiro reclamam há muito tempo uma representação política dentro do Parlamento. A proposta se tornou ainda mais forte com as iminentes eleições federais, mas exige uma modificação da Constituição, como lembrou-se Calmy-Rey.

Dentro da perspectiva do escrutínio de 21 de outubro, os representantes da União Democrática do Centro (UDC, na sigla em alemão), partido de tendências políticas entre o centro e a direita, propõe um número recorde de candidato dentre os suíços do estrangeiro, seguidos logo depois pelos liberais, o Partido Democrata-Cristão e os verdes.

Quanto aos sociais-democratas, eles apresentaram apenas dois candidatos. Porém o partido defendeu a idéia de uma representação fixa da chamada “5ª. Suíça”, que poderia ser considerada o 27º cantão suíço, com direito a ter deputados e senadores no Parlamento.

Ocasião perdida

Alguns participantes do congresso se admiraram de receber uma brochura da UDC na documentação oficial do congresso dos suíços do estrangeiro em Genebra.

Na publicação, um candidato UDC originário da África do Sul explica aos seus compatriotas como se registrar nas listas eleitorais dos consulados e embaixadas para participar das eleições de outubro. Ele também aproveitou a ocasião para explicar porque defende as posições da direita.

Questionado pelo repórter da swissinfo, um representante da ASO explicou que a UDC havia sido o único partido a ter recorrido a um dispositivo estatutário, permitindo integrar à documentação oficial publicidade paga na forma de uma brochura.

Durante o congresso em Genebra, vários suíços lamentavam que outros partidos não tenham tido a mesma iniciativa.

E o serviço militar?

Gregory Leutert era o mais jovem participante do 85° Congresso dos Suíços do Estrangeiro, em Genebra. Mas ele não era notado só por isso mas também porque era o único com a farda do exército suíço. “Estava na caserna, ouvi falar do Congresso e me inscrevi”, explicou a swissinfo.

Como se não bastasse tanta “excentricidade”, ele é filho de ex-diplomata e viveu no Brasil desde os 12 anos de idade. “Os jovens suíços do estrangeiro não sabem que podem fazer o serviço militar em seu país de origem. Eu mesmo levei três meses para ser informado, me mandavam do Consulado do Rio para Berna, de Berna para o Consulado etc. Levei três meses até encontrar finalmente alguém que sabia do assunto.”.

Mas por que fazer o serviço militar e ainda na Suíça?

“Era uma maneira de encontrar minhas raízes e ter uma experiência com outros jovens daqui. Além disso quero fazer carreira militar”, conclui. (ouça o áudio na coluna à direita).

swissinfo, Susanne Schanda, Claudinê Gonçalves, Genebra

O 85º Congresso dos Suíços do Estrangeiro ocorreu de 17 a 19 de agosto em Genebra. O principal tema de 2007 foram as organizações humanitárias e o papel da Suíça.

Os participantes visitaram o Palácio das Nações, o Museu da Cruz Vermelha Internacional, a sede do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e da organização Médicos sem Fronteiras.

O presidente da Cruz Vermelha Internacional, Jakob Kellenberger, se exprimiu sobre o tema “Solidários e engajados: os suíços na ação humanitária”.

O próximo congresso dos suíços do estrangeiro será de 22 a 24 de agosto de 2008 em Friburgo.

Em 2006, 645.000 suíços vivam no estrangeiro, 1,7% a mais do que em 2005 e 11,1% a mais do que em 2000.

Quase dois-terços dos expatriados vivem na União Européia, a maioria na França(171.732 pessoas), na Alemanha (72.384) e na Itália (47.012).

No resto do mundo, 71.984 suíços residem nos Estados Unidos, 36.374 no Canadá, 21.291 na Austrália, 15.061 na Argentina, 13.956 no Brasil; 12.011 em Israel e 8.821 na África do Sul.

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