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Admirável Mundo Novo

Casa multifuncional, do escritório suíço Gigon/Guya. swissinfo.ch

A Nona Bienal de Arquitetura de Veneza não pretende criar tendência, mas mostrar de perto o que está acontecendo ao nosso redor, no mundo.

A explicação é do suíço Kurt Forster, diretor artístico da Bienal de Veneza, aberta ao público domingo.

A milenar cidade de Veneza divide o seu espaço com as metrópoles do futuro. Não por acaso, ela é a moldura perfeita para os projetos mais ousados e revolucionários contemporâneos.

Melhor contraste para comparar e realçar os novos desenhos seria difícil de encontrar.

Amostra mundial

“A Nona Bienal de Arquitetura de Veneza não tem como objetivo criar tendência, mas sim mostrar de perto o que está acontecendo ao nosso redor no mundo”, explica o diretor artístico da exposiçao, o professor suíço Kurt Forster, durante uma disputada coletiva de imprensa com jornalistas dos quatro cantos do planeta.

O tema da mega-exposiçao é a Metamorfose. A arquitetura é apresentada como um elemento transformador do meio ambiente onde está implantada. Tem sido assim desde que o homem saiu das cavernas.

Quando deixar de ser nômade, ergueu a sua primeira moradia. A partir daí esta atividade passou a funcionar como indicador social, econômico e cultural do estágio de um povo.

São 220 projetos do mundo inteiro, em maquetes, fotografias, vídeos e instalações que tentam responder a uma pergunta: como e onde vamos viver no amanha?

Pavilhão suíço

Large Earth é o título do pavilhão da Suíça. Representado por Christian Waldvogel, apresenta dados assustadores. Em 2004, a populaçao do planeta é de 6,3 bilhões de habitantes, o equivalente a 7.788 km quadrados por habitante. No ano 2250, a Terra vai abriga5 105,8 bilhões de habitantes, alterando a densidade demográfica para 462 km quadrados por habitante.

Cada vez mais o homem vai ser obrigado a exercer sua capacidade de adaptaçao ao meio em que vive. E os projetos devem encontrar soluções para os problemas.

Não é à toa que as instituições culturais estão se transformando em lugares multifuncionais. “Hoje, quando você vai a um museu encontrará uma sala de concertos, outra para a exposição de obras, parquinho de diversão para as crianças, livraria, restaurante, etc.” teoriza o professor Kurt Forster.

Ele fala com conhecimento de causa, após ter feito a seleção dos projetos da Bienal, com a ajuda de curadores espalhados pelos países.

Presença suíça

Um dos projetos apresentados é da arquiteta suíça Annette Gigon, em parceria com o americano Mie Guyer, ambos da Universidade de Zurique.

Eles construiram o Kust-Depot Gallery, em Wichtrach, perto de Berna. O depósito de obras de arte também funciona como espaço para a exibiçao de telas e esculturas.

A forma de um paralelograma irregular respeita as normas e as tradições locais, e o telhado com pregas acompanha o desenho urbano. A estrutura de concreto armado ajuda dar estabilidade climática e a abertura de duas janelas permite a incidência de luz natural.

A Bienal de Arquitetura foi concebida para agradar aos cinco sentidos do visitante. Ele não vai sair decepcionado. Ela não tem nada a ver com uma tradicional mostra fechada em si , típica do mundo da régua e do compasso. Desta vez o enquadramento é outro.

Duas partes

Basicamente, a exposição está dividida em dois grandes espaços públicos, distantes um do outro apenas dez minutos de uma agradável caminhada. O passeio e a diversão estão garantidos no Giardini e no Arsenal. No primeiro estão os pavilhões dos países, com uma atençao especial para o da Itália, o maior deles.

Ali são revelados, em dez percursos diferentes, os intensos processos de adaptaçao interior dos prédios antigos, históricos, às novas exigências e hábitos atuais.

“As nossas habilidades nos levam sempre ao limite”, diz Kurt Forster. O pavilhão da Itália abriga a sessao In Praise of Shadows. Ela apresenta os trabalhos fotográficos, entre outros, de seis suíços como Hélène Ninet, Heinrich Helfenstein e René Burri.

No Arsenal estão as seções Atmosfera, Topagrafia, Superfície, ‘Natures of Artificie’ e ‘The Harrowing of the City’. Quase todas contém a presença de obras realizadas na Suíça por arquitetos estrangeiros como o Zentrum Paul Klee, autoria do renomado italiano Renzo Piano, atualmente em construçao em Berna, capital suíça. Tem ainda projetos de escritórios e fotógrafos suíços. O país ficou de fora apenas nas seções ‘Transformations’ e ‘Hyper-Projects’.

Morar no mar

Curiosamente, o único arranha-céu presente na mostra é o projeto de um gigante de concreto armado com 320 metros de altura, a ser ocupado por um hotel e diversos escritórios.

Ele vai ser erguido em Nanjing, na China. A torre é dividida em quatro quadrados, dispostos em angulos de 90 graus um do outro, dando a impressao de girar em torno ao próprio eixo. Um cartao de visitas à altura do ritmo de crescimento e das necessidades do país.

Uma realidade bem diferente daquela apresentada pela locomotiva asiática está retratada na Cidade D’Água. Esta seção, sempre no Arsenal, propõe uma reflexão sobre a vida na superfície do mar, horizontal, a despeito das possíveis ondas.

Pela primeira vez, a tradicional Bienal de Arquitetura expande os seus domínios e vai além da terra firme ao se instalar em plataformas flutuantes.

Conjuntos habitacionais ancorados em fundações escavadas a alguns metros de profundidade já estão sendo oferecidas no mercado europeu. São construções em aço e alumínio.

O conceito deixa a nova moradia com uma certa crise de identidade pois está a meio caminho entre um barco e uma casa e também pode ser adaptada a lagos e rios. É a arquitetura se tornando cada vez mais fluida e integrada à natureza.

swissinfo, Guilherme Aquino, Veneza

– A Bienal vai de 12 de setembro a 7 de novembro.

– Está abertua diariamente, das 10 às 18 hs.

– As entradas custam de 7 a 12 euros. Estudantes não pagam.

– É possível agendar visitas, inclusive com guias, através do site www.artcities.com ou pelo telefone + 49 7531-90730.

– Como chegar: linhas de barcos 1, 51, 41, 61 e 82,
partindo da Piazzala Roma e Ferrovia.

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