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‘Ventos’ galácticos regulam o nascimento de estrelas, indica estudo

O observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no deserto chileno do Atacama, em 2013 afp_tickers

Uma equipe de astrônomos detectou o “vento” galáctico molecular mais distante observado até hoje, correspondente a uma época em que o Universo tinha apenas um bilhão de anos, informou nesta quinta-feira (6) o observatório ALMA, situado no norte do Chile.

Por meio da observação do fluxo de moléculas de hidroxila (OH), que revelam a presença de gás incubador de estrelas nas galáxias, os pesquisadores revelaram como algumas galáxias do Universo primitivo inibem um frenesi de nascimento estelar, indica o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), em um comunicado.

Segundo os autores do estudo, publicado na revista Science, para evitar consumir-se rapidamente em uma escalada espetacular, algumas galáxias põem freios ao processo de formação estelar ejetando, ao menos temporariamente, grandes quantidades de gás em direção aos seus halos em expansão, onde o gás se dispersa completamente ou volta a fluir lentamente para a galáxia para voltar a alimentar novos surtos de formação estelar.

Até agora, os astrônomos haviam sido incapazes de observar diretamente estes jatos intensos no início do Universo primitivo, onde estes mecanismos são fundamentais para evitar que as galáxias cresçam rápido demais e em excesso.

“As galáxias são monstros complicados e caóticos, e acreditamos que estes jatos e ventos são elementos fundamentais de seus processos de formação e evolução que regulam sua capacidade de crescer”, afirma Justin Spilker, astrônomo da Universidade do Texas e autor principal do artigo publicado na Science.

Para os astrônomos, “esta descoberta fornece informação nova sobre como algumas galáxias do Universo primitivo autorregularam seu crescimento para continuar fabricando estrelas posteriormente”.

Os astrônomos observaram ventos com o mesmo tamanho, velocidade e massa em galáxias próximas com surtos de formação estelar, mas o jato observado com a ajuda do ALMA é o mais distante já observado até hoje com tamanha clareza no Universo primitivo.

A galáxia, conhecida como SPT2319-55, está a mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra e foi descoberta pelo Telescópio do Polo Sul, da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Foi possível detalhar inclusive que o forte “vento” de gás incubador de estrelas sai da galáxia a quase 800 quilômetros por segundo. “Não se trata de uma brisa suave e constante, mas de erupções isoladas que expulsam gás à mesma velocidade com que este se transformaria em novas estrelas”, detalham os autores.

ALMA, o radiotelescópio situado a 5.000 metros de altura em pleno deserto do Atacama, o mais seco do mundo, pôde observar um objeto tão distante graças à lente gravitacional provocada por outra galáxia situada quase em pleno eixo de visão entre a Terra e a SPT2319-55.

A partir de agora, também é possível “determinar a velocidade do vento e ter uma ideia aproximada da quantidade de material contido no jato”, explica Spilker.

Segundo os pesquisadores, os ventos moleculares são um mecanismo eficiente que as galáxias têm para autorregular seu crescimento.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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