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AL pode ter ‘voz forte’ no combate à covid-19, estima Rebeca Grynspan

A secretária-geral Ibero-Americana (SEGIB) Rebeca Grynspan fala durante uma entrevista à AFP em Madri, em 13 de abril de 2021 afp_tickers

A América Latina tem a oportunidade de emitir, unida, uma “voz forte” em nível internacional para obter mais financiamento e vacinas para superar a crise da covid-19, afirmou em entrevista à AFP a secretária-geral ibero-americana Rebeca Grynspan.

A ocasião se apresenta na Cúpula Ibero-Americana em 21 de abril em Andorra, “a primeira vez depois deste ano difícil que” líderes regionais “se sentarão para buscar soluções conjuntas para a pandemia”, declarou Grynspan de seu escritório em Madri.

“Esta é uma oportunidade única para termos uma voz forte e importante em nível internacional em termos de propostas” para o futuro, considerou a ex-vice-presidente da Costa Rica (1994-1998) e secretária-geral adjunta das Nações Unidas (2010-2014).

A cúpula, que será realizada de forma semipresencial com a participação da maioria dos líderes latino-americanos por videoconferência, acontecerá quando uma nova onda da covid-19 sufoca a região, uma das mais atingidas.

“A América Latina é a região mais afetada pela pandemia”, segundo Grynspan, porque embora em termos de infecções e mortes (26,5 milhões de casos e mais de 841.000 mortes) seja superada pela Europa (46,9 milhões e um milhão), sua recuperação será mais “difícil”.

“Regredimos uma década no nosso PIB per capita, 15 anos nos índices de pobreza e (…) 30 anos na pobreza extrema”, lamentou.

– Propostas “concretas” –

Por isso a importância da reunião de Andorra, um pequeno Estado aninhado na cordilheira dos Pirineus entre Espanha e França, da qual deve sair uma declaração com propostas “muito concretas” sobre “ações conjuntas (…) que afetam diretamente a vida das pessoas”.

Uma das prioridades será a vacinação anticovid, que avança lentamente na América Latina, com apenas 9% da população imunizada, segundo Grynspan, embora com diferenças marcantes: o Chile, líder regional, administrou as duas doses da vacina em 22% de sua população, enquanto o Brasil, segundo país mais atingido no mundo, 2,6%, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde.

Os problemas de cada país “para ter acesso (…) às vacinas são muito maiores do que se agissem coletivamente”, alertou Grynspan.

Por isso, a secretária ibero-americana espera da cúpula um apelo ao “acesso universal à vacinação como bem público global” e ao “fortalecimento” do mecanismo Covax, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para promover uma distribuição equitativa de vacinas.

Prevê-se também a discussão de um instrumento financeiro que sirva de seguro coletivo em caso de eventuais ações judiciais contra os Estados pelos efeitos colaterais das injeções.

– Financiamento –

Diante da crise econômica na América Latina (queda de 7% do PIB em 2020 – segundo o FMI), que já vinha de um período de baixo crescimento quando estourou a pandemia, será apresentado um “pacote de propostas muito forte” para ter acesso ao financiamento internacional, disse Grynspan.

Forte apoio será dado ao aumento dos Direitos Especiais de Saque (SDR) do FMI, que permitirá à região acessar mais de 70 bilhões de dólares para fortalecer suas reservas e, assim, enviar “uma mensagem de estabilidade e otimismo aos mercados”, explicou.

Também será proposto que os países desenvolvidos que não precisam de seus DES, possam cedê-los a nações de renda média.

E a ideia de “um marco internacional para reestruturações de dívidas” será lançada, já que “devemos parar o relógio” em termos de juros de mora enquanto durar a crise, avaliou Grynspan.

Por outro lado, a cúpula deve ratificar o lançamento do Observatório Ibero-Americano contra a Violência de Gênero, primeiro espaço de intercâmbio regional de boas práticas para acelerar as ações contra este flagelo que se intensificou com a pandemia, segundo Grynspan.

Na Cúpula Ibero-Americana de Andorra, que teve que ser adiada no ano passado devido à pandemia, espera-se uma participação “muito elevada” de dirigentes da região, quase todos virtualmente, acrescentou.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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