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Al-Qaeda e jihadistas do Estado Islâmico se aliam no Iraque

(17 jun) Vídeo mostra militantes do EIIL em um blindado do Exército iraquiano, na cidade de Baiji afp_tickers

Uma unidade síria da Al-Qaeda se uniu nesta quarta-feira ao Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), reforçando nos dois lados da fronteira a influência desse grupo jihadista, em plena ofensiva contra o governo de Bagdá.

Combatentes da Frente Al-Nosra, facção síria da Al-Qaeda, juraram lealdade ao EIIL em Bu Kamal, principal localidade na fronteira entre Síria e Iraque, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Esta aliança permitirá ao EIIL estar em ambos os lados da fronteira, uma vez que já controla a localidade de Al-Qaim no Iraque.

Esta fusão coincide com o avanço do EIIL na província de Deir Ezzor, da qual faz parte Bu Kamal, no leste da Síria, de acordo com o OSDH.

“São adversários, mas os dois são jihadistas e extremistas. Esse juramento de lealdade causará tensões com os outros grupos rebeldes, incluindo os islamitas”, que controlavam a cidade e seus arredores, segundo o porta-voz do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Cansados dos excessos atribuídos ao EIIL e seus objetivos hegemônicos, os rebeldes islamitas “moderados” e a Frente Al-Nosra lutavam desde janeiro contra seus antigos aliados em várias regiões. Antes disso, combatiam juntos contra o regime sírio de Bashar al-Assad.

Na Síria, o EIIL controla a província de Raqa (norte) e partes das de Hasaka (nordeste) e Deir Ezzor (leste).

No norte e no leste da Síria, mais de 6.000 pessoas morreram em confrontos desde janeiro, segundo o OSDH.

O chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, declarou que a Frente Al-Nosra é a facção oficial da Al-Qaeda na Síria, desautorizando, com isso, o EIIL, que queria se impor como representante da rede jihadista, tanto no Iraque, como na Síria.

Em Bu Kamal, a situação é muito tensa, de acordo com um militante opositor da região, que pediu para não ser identificado.

“A situação vai piorar porque esta fusão vai provocar graves problemas com as tribos locais, que não vão aceitar essas mudanças”, acrescentou.

Outro militante opositor, Abdel Salam al-Hussein, explicou que esta união aconteceu depois que os chefes das brigadas islamitas locais decidiram excluir a Frente Al-Nosra do tribunal islâmico, uma instância que exerce de fato o poder em inúmeras áreas controladas pelos rebeldes.

Já o porta-voz rebelde da província de Deir Ezzor, Omar Abu Leyla, declarou à AFP que se combatentes do EIIL cruzarem a fronteira do Iraque e chegarem a Bu Kamal, os rebeldes do “Exército Sírio Livre lutarão contra eles”.

Em Damasco, a imprensa oficial acusou novamente os Estados Unidos de terem aberto caminho para os radicais na região.

Para o jornal governamental Techrine, “os Estados Unidos trabalham para reorganizar a região em função da vontade dos grupos terroristas wahabitas e takfiris”.

O wahabismo é a doutrina religiosa sunita da Arábia Saudita, que consiste em uma interpretação literal do Corão, e takfiris é o termo usado por Damasco para referir-se a outros islamitas sunitas que lutam contra o regime de Assad.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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