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Argentina restringirá atividades noturnas para frear casos de covid-19

Paciente com covid-19 é transportado em uma maca para unidade de terapia intensiva do Hospital Central de Mendoza, Argentina, em 6 de novembro de 2020 afp_tickers

O governo argentino decidiu restringir a partir desta sexta-feira (8) as atividades noturnas e a circulação de pessoas, com medidas determinadas por cada província de forma independente, em um momento em que os casos de covid-19 não param de crescer.

“O mundo e a Argentina estão em um momento duplo, onde se inicia a vacinação mas ao mesmo tempo temos que continuar nos cuidando. A pandemia não foi superada”, disse em coletiva de imprensa o chefe de gabinete, Santiago Cafiero.

A Argentina registra uma aceleração no número de contágios, que ultrapassam 1,6 milhão desde março passado, com mais de 44.000 mortos sobre uma população de 44 milhões de habitantes.

As limitações envolverão o fechamento noturno de locais gastronômicos, restrições no transporte público e na circulação de pessoas.

Segundo Cafiero, a maior parte das violações dos protocolos sanitários ocorre nas atividades noturnas.

Representantes do setor de saúde expressaram preocupação com a situação porque “o recurso humano está sobrecarregado, além de desiludido com tanto desinteresse”, disse em nota a Associação dos Médicos da Atividade Privada.

“As pessoas relaxaram muito e muitas coisas se juntaram: fim de ano, festas, gente cansada querendo se reunir, pessoas que saem de férias e não querem pensar em máscara e distanciamento … mas o vírus não tira férias e o início da vacinação está bem lento”, alertou a infectologista Carlotta Russ, conselheira presidencial.

– Sem toque de recolher –

A falta de consenso entre os governos federal e provinciais impediu a implementação de um toque de recolher.

Algumas províncias, como Córdoba ou Mendoza ou a Cidade de Buenos Aires, recusaram-se a limitar o movimento de pessoas e outras divergem quanto ao horário de fechamento dos estabelecimentos.

Na capital argentina, onde vivem 2,8 milhões de pessoas e governa a oposição, o vice-prefeito Diego Santilli anunciou que apesar do “aumento exponencial de casos” não haverá restrição ao trânsito noturno, embora as lojas terão que fechar de 1 às 6 da manhã. As reuniões sociais estão limitadas a um máximo de 10 pessoas.

Nas 24 jurisdições do país, o número de novos casos diários acelerou nas últimas duas semanas e em alguns duplicou ou até triplicou.

Na província de Buenos Aires (que não inclui a capital argentina), com quase 40% da população do país, os novos casos notificados passaram de 1.996 no dia 27 de dezembro para 5.319 na quinta-feira, com um total de 709.333 positivos desde março passado.

Também na capital o número diário dobrou, passando de 728 para 1.556 no mesmo período, com um total de 181.989 infecções. A ocupação de leitos de terapia intensiva em todo o país é de 54,7% em média, mas sobe para 59,6% em Buenos Aires e sua periferia, segundo o Ministério da Saúde.

O governo federal também prorrogou até 1º de fevereiro o fechamento das fronteiras com a proibição de entrada de estrangeiros não residentes, bem como a chegada de voos diretos do Reino Unido.

A Argentina aplica a vacina russa Sputnik V desde 29 de dezembro, quando iniciou a primeira fase de inoculação com 300.000 doses destinadas a profissionais de saúde. Até o momento 107.542 pessoas foram vacinadas, informou o Ministério da Saúde nesta sexta-feira.

Espera-se que mais 1,5 milhão de doses da Sputnik V sejam recebidas até o final de janeiro.

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