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Argentino Rafael Grossi é eleito diretor-geral da AIEA

(Arquivo) Um dos quatro candidatos ao diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mariano Grossi, da Argentina, fala à imprensa após sua audiência para o cargo de novo secretário geral da AIEA, em Vienna afp_tickers

O argentino Rafael Grossi, de 58, foi eleito nesta terça-feira (29) como diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem entre suas principais funções o controle das atividades nucleares do Irã – informou o embaixador francês na ONU em Viena, Xavier Sticker.

Segundo fontes diplomáticas acreditadas na ONU em Viena, Grossi foi eleito pelo Conselho de Governadores e deverá ser formalmente confirmado pela Assembleia Geral dos 171 Estados-membros do organismo.

A próxima reunião ainda não foi marcada.

“Com Rafael Grossi, que obteve uma maioria qualificada do Conselho de Governadores, a AIEA deu um passo decisivo na eleição de seu diretor-geral”, tuitou o diplomata Xavier Sticker.

Segundo outra fonte diplomática, Grossi obteve 24 votos, enquanto o diretor-interino do órgão, o romeno Cornel Feruta, conseguiu dez.

Especialista em temas de segurança, desarmamento e não-proliferação nuclear, Grossi substitui o japonês Yukiya Amano, falecido em julho passado aos 72 anos. Amano dirigia a AIEA desde 2009.

Entre 2010 e 2013, Grossi foi diretor-geral adjunto da AIEA, mas o então governo de Cristina Fernández o nomeou embaixador na Áustria.

Nascido em Buenos Aires, em 1961, Grossi é formado em Ciência Política, especializado em História e Relações Internacionais e tem formação em tecnologias, ciência e aplicações nucleares.

A AIEA desempenha um papel central na luta contra a proliferação nuclear, comprovando se os países-membros do Tratado de Não-Proliferação respeitam seus compromissos nesta matéria.

Grossi assume a direção geral no momento em que a AIEA assume uma responsabilidade cada vez mais estratégica frente ao Irã. Com sede em Viena, a agência é considerada o “guarda da energia nuclear”.

Primeiro representante da América do Sul a liderar a AIEA, Grossi afirmou, em uma entrevista à AFP em setembro, que queria ser “muito firme, mas muito justo” com Irã, e que o organismo é “um instrumento a proteger” que não se deve “politizar”.

As tensões entre Irã e Estados Unidos aumentaram desde que, em maio de 2018, o presidente americano, Donald Trump, tirou seu país do acordo. Depois da saída, de forma unilateral, os Estados Unidos restabeleceram sanções econômicas contra Teerã.

Desde maio passado, o Irã vem se retirando de compromissos estabelecidos no acordo nuclear firmado em Viena em 2015, com França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China.

Em 1º de julho, o Irã anunciou que aumentou o armazenamento de urânio enriquecido acima do máximo de 300 quilos estabelecido pelo acordo. Uma semana depois, informou que havia excedido o limite de 3,67% de pureza em suas reservas de urânio.

Alguns meses depois, em 7 de setembro, o Irã ativou centrífugas avançadas para aumentar suas reservas de urânio enriquecido.

O governo de Hassan Rohani garante que as inspeções realizadas pela AIEA demonstram que seu país não busca desenvolver armas atômicas.

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