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Audiência de ação movida por Assange é adiada no Equador

O criador da WikiLeaks Julian Assange fala com a imprensa direto da sacada da embaixada do Ecuador em Londres, em 19 de maio de 2017 afp_tickers

A Justiça do Equador suspendeu nesta quinta-feira (25) uma audiência de uma ação movida por Julian Assange, asilado desde 2012 na embaixada equatoriana em Londres, para obter o restabelecimento de suas comunicações, cortadas em março.

A ação, apresentada na sexta-feira em um tribunal de Quito pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garzon, que lidera a defesa de Assange, também busca impedir a aplicação de um protocolo que regula as visitas, comunicações e até mesmo limpeza, e cujo descumprimento resultará na “rescisão do asilo”.

A juíza Karina Martínez deu início à audiência na presença do advogado equatoriano Carlos Poveda, outro defensor de Assange, mas quase duas horas depois decidiu suspendê-la devido a problemas técnicos e de tradução.

Martínez interrompeu a sessão indicando que não poderia continuar sem a intervenção de Assange, que deveria depor por videoconferência.

“A presença dele nesta audiência é indispensável”, disse a juíza, que não marcou uma data.

Assange, de 47 anos, apareceu nas telas do tribunal usando um terno escuro e uma espessa barba branca. Ao interagir com o tradutor, disse que o nível de tradução não era “suficiente”.

“O microfone está bom, mas a tradução não”, afirmou.

Garzón declarou na sexta-feira em Quito que o processo contra o ministro das Relações Exteriores José Valencia, que se refere aos direitos fundamentais das pessoas, foi apresentado em razão do corte de comunicação ao qual Assange está submetido. Ele também considerou que o protocolo tem “medidas restritivas”.

Assange se refugiou em 2012 na embaixada equatoriana para evitar ser extraditado para a Suécia, onde deveria responder na Justiça acusações de crimes sexuais.

Embora os casos tenham prescrito, ele permanece na embaixada porque a justiça britânica mantém um mandado de prisão contra ele por ter violado as condições de sua liberdade condicional.

O fundador do WikiLeaks teme que, se deixar a embaixada, possa ser detido e extraditado para os Estados Unidos, onde deverá responder pelo vazamento de milhares de segredos oficiais do país.

Na segunda-feira, Valencia afirmou estar surpreso “pelo processo movido por Assange contra o país que o tem protegido há seis anos”.

Ele acrescentou que “o protocolo está de acordo com a lei equatoriana. É poder do Estado equatoriano comunicar e estabelecer diretrizes para a operação da embaixada”.

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