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Bolsonaro cria comitê de crise contra coronavírus

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (C), o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (D) e a Secretaria-Geral da Presidência da República Onix Loranzoni chegam para fazer uma declaração à imprensa após reunião com chefes dos três poderes afp_tickers

O presidente Jair Bolsonaro, pressionado pelo agravamento da pandemia de coronavírus no país, anunciou nesta quarta-feira (24) a criação de um comitê de crise, traçando uma mudança de rumo diante de uma tragédia que, muitas vezes, buscou minimizar.

O presidente de extrema direita informou sobre a iniciativa após reunião em Brasília com representantes de outras potências e com um grupo de governadores, um dia após o Brasil registrar pela primeira vez mais de 3.000 mortes por coronavírus em 24 horas, com um total que se aproxima dos 300.000.

“Resolvemos que será criado uma coordenação junto com os governadores, que presidirá o presidente do Senado”, e “um comitê que se reunirá semanalmente com autoridades para decidirmos o rumo do combate ao coronavírus”, disse Bolsonaro.

Na reunião, “imperou a solidariedade e a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. A vida em primeiro lugar”, declarou.

Bolsonaro já havia defendido sua política contra a covid-19 em um discurso à nação na noite de terça-feira, resultando em ‘panelaços’ de protesto nas principais cidades do país.

À tarde, em sua primeira entrevista coletiva após a posse, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a criação de uma “secretaria especial de combate à pandemia” e prometeu triplicar “em curto prazo” a atual taxa diária de vacinação, a um milhão por dia.

“Vamos buscar uma manera de disciplinar esse movimento, esse distanciamento, para que se evite essa figura do lockdown”, disse.

Questionado se haverá orientação nacional em relação às medidas de quarentena, aplicadas de formas diversas por estados e municípios e criticadas por Bolsonaro, o cardiologista respondeu :“vamos buscar uma manera de disciplinar esse movimento, esse distanciamento, para que se evite essa figura do lockdown”.

Os esforços de “reorientação” dificilmente o tirarão dos holofotes das críticas, no momento em que os hospitais alertam para o risco de colapso devido à falta de leitos de terapia intensiva, tubos de oxigênio e outros insumos médicos.

“O presidente mentiu ao falar que, ’em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes para combater o coronavírus como para combater o caos na economia’.

Nos últimos 12 meses, Bolsonaro minimizou a pandemia, provocou aglomerações, falou contra o uso de máscaras e brecou negociações de imunizantes”, escreveu o jornal Folha de S. Paulo.

Mas o projeto de mudança de atitude de Bolsonaro não o impediu de se referir mais uma vez a “tratamentos precoces”, que incluem medicamentos sem evidências científicas de eficácia contra a covid, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.

“Tratamos também da possibilidade do tratamento precoce. Isso fica a cargo do Ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label tratar os infectados”, disse Bolsonaro se referindo ao uso de um medicamento fora de suas indicações clínicas.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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