Brasil bate novo recorde de mortos por covid em 24 horas: 2.841
O Brasil registrou nesta terça-feira (16) um recorde de 2.841 mortos pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, 555 a mais do que o recorde anterior, do último dia 10, confirmando as piores previsões sobre uma pandemia fora de controle no primeiro dia de gestão do novo ministro da Saúde.
O país soma 282.127 mortos por covid-19, número superado apenas pelos Estados Unidos, com uma média de 1.965 mortes diárias nos últimos sete dias, segundo o Ministério da Saúde. No começo do ano, a média de sete dias era de 703 mortos.
O governo também reportou 83.926 infectados nas últimas 24 horas, segunda cifra mais alta desde o começo da pandemia, em fevereiro de 2020, somando 11.603.535.
O forte agravamento da pandemia no Brasil pode em breve deixar cerca de 3.000 mortos por dia e elevar o saldo para 500.000 ou 600.000 antes da vacinação em massa, de acordo com especialistas.
- "União da nação" -
O cardiologista Marcelo Queiroga, indicado nesta segunda-feira por Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde - tornando-se o quarto ministro da pasta desde o início da pandemia - pediu nesta terça "união" para enfrentar o coronavírus.
Trata-se de "uma agenda muito grande, que vai necessitar da união da nação", disse Queiroga aos jornalistas após encontro em Brasília com o ministro que está de saída, o general Eduardo Pazuello.
Ele também destacou a importância de acelerar a vacinação e das medidas preventivas, como o uso de máscaras e a limpeza das mãos com álcool gel.
"São medidas simples, mas são importantes" para "evitar ter que parar a economia de um país", afirmou.
Um conselho que contrasta com a retórica de Bolsonaro, que constantemente desprezou o uso de máscaras e questionou a eficácia e segurança das vacinas, além das críticas às medidas de confinamento devido ao impacto econômico.
Pazuello anunciou nesta segunda a compra de 562,9 milhões de vacinas, que devem chegar em sua maioria no segundo semestre, para imunizar o país de 212 milhões de habitantes.
Até agora, pouco mais de 10 milhões de pessoas receberam a primeira dose e 3,6 milhões, a segunda.
- "Maior colapso" sanitário do Brasil -
Queiroga, que ainda não tomou posse, terá que enfrentar também a crise nos hospitais.
A análise de indicadores, como as médias móveis de infecções e óbitos e as taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos, "apontam para uma situação extremamente crítica em todo o país", revelou um relatório da Fiocruz, divulgado na noite desta terça-feira.
O documento apontou que 24 estados e o Distrito Federal têm ocupação igual ou superior a 80% dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) e que 19 capitais do país têm esse índice acima de 90%, como o Rio Grande do Sul ( 100%) e Santa Catarina (99%).
“Trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil”, afirmam os pesquisadores da Fiocruz.
O instituto urge as autoridades a aplicarem “maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais”, bem como mais medidas de “distanciamento físico e social, uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação”.
A Fiocruz recomenda que mesmo o "lockdown seja uma estratégia a ser considerada nas situações mais críticas".