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Brasil supera a cifra de 30.000 mortes por coronavírus

Imagem aérea de um enterro no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, Brasil, em 2 de junho de 2020, durante a pandemia de coronavírus. afp_tickers

O Brasil alcançou nesta terça-feira (2) as 31.199 mortes pelo novo coronavírus, após somar um novo recorde de 1.262 óbitos em 24 horas, no momento em que vários estados estão retomando algumas atividades, conforme recomendado pelo presidente Jair Bolsonaro, apesar das advertências da OMS e dos epidemiologistas.

O país é o segundo do mundo em número de infecções (que chegou a 555.383 com os 28.936 registrados nesta terça) e o quarto em número de mortes, atrás de Estados Unidos, Reino Unido e Itália.

O recorde anterior de mortes em 24 horas, de 1.188, datava de 21 de maio.

Nos próximos dias, o número de óbitos no Brasil poderá superar os da Itália (33.530 mortos), que reduziu significativamente a curva de mortes e contágios.

Calculado em relação aos cerca de 212 milhões de habitantes, o panorama no país é menos duro do que em outros países: o Brasil tem uma taxa de 146,8 mortes por milhão de habitantes, longe dos 554 da Itália e dos mais de 300 dos Estados Unidos, o primeiro em número de casos (mais de 1,8 milhão) e óbitos (106.046), segundo contagem da AFP com base em dados oficiais.

São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, voltou a bater recorde de mortos (327) e casos (6.999) em 24 horas e somava 7.994 falecidos, com 118.295 casos diagnosticados.

O Rio de Janeiro registrou 5.686 mortos e soma mais de 56.000 casos.

Mas os estados mais afetados em relação à sua população são os das empobrecidas regiões norte e nordeste, com sistemas sanitários quase no limite de sua capacidade.

O Amazonas, por exemplo, registra 507 mortes por milhão de habitantes.

Especialistas estimam que o número de infecções pode ser até 15 vezes maior, uma vez que o país não realiza testes em massa e há um atraso no processamento dos exames.

– “Jogando gasolina no fogo” –

Com a curva de mortes e contágios em ascensão, vários estados e municípios, que no Brasil têm poder de decisão em questões de saúde, nesta terça-feira seguiram com processos graduais para relaxar as medidas de quarentena aplicadas desde meados de março.

Em algumas cidades do interior de São Paulo, centros comerciais, shopping centers, escritórios, imobiliárias e concessionárias reabriram as portas, ainda que com medidas de proteção.

No entanto, na capital paulista, o prefeito Bruno Covas adiou a abertura para depois de 15 de junho.

O Rio de Janeiro também entrou na fase inicial de desconfinamento e numerosos surfistas e nadadores retornaram ao mar nas praias de Copacabana e Ipanema.

Uma reabertura “muito precoce”, na opinião dos especialistas, que recomendam esperar até que a curva de contágios seja contida antes da reabertura, como aconteceu em outros países gravemente afetados pela pandemia, como Espanha, França ou Itália.

“Na situação atual, ainda não é o momento, você vai estar jogando gasolina no fogo”, disse à AFP Rafael Galliez, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além disso, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o escritório regional da Organização Mundial da Saúde, aconselhou nesta terça-feira a não reabrir as atividades “muito rapidamente, ou existe o risco de um ressurgimento da COVID-19”.

– Crise política –

O Ministério da Saúde do Brasil sustenta que “não há como determinar quando o pico de mortes ocorrerá” devido à diversidade de cenários em um país com dimensões continentais.

A pandemia avança em meio a uma crescente crise política.

O presidente Bolsonaro se opõe a medidas de contenção, citando o risco de ruína econômica.

Além disso, o núcleo radical do ‘bolsonarismo’ expressa sua indignação contra o Supremo Tribunal Federal, que analisa investigações que envolvem o presidente e pessoas próximas a ele.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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