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Brasil supera pela primeira vez 4.000 mortes por covid em 24 horas

O Brasil experimentou o mês mais letal desde o início da pandemia em março, com mais de 66.000 mortos afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 06. abril 2021 - 21:04
(AFP)

O Brasil registrou nesta terça-feira (6) pela primeira vez mais de 4.000 mortes por covid-19 em 24 horas, em uma interminável escalada que prevê um abril mais sombrio do que março, até agora o mês com o maior número de mortes por causa da pandemia.

O país de 212 milhões de habitantes contabilizou 4.195 mortes, número que elevou os óbitos a 336.947 desde a chegada do coronavírus ao Brasil, em fevereiro de 2020. O lamentável recorde foi registrado seis dias após a última marca fatal: 3.869 mortes em 31 de março.

Nesta terça-feira, outras 86.979 novas infecções também foram contabilizadas, elevando o número total para 13,1 milhões, segundo dados do Ministério da Saúde.

Superado apenas pelos Estados Unidos, o Brasil é o segundo país com maior número de mortes e infecções.

Nos primeiros seis dias do mês, o número de óbitos chega a 15.432, mantendo a tendência de março, o mês mais letal até hoje com 66.573 óbitos, mais que o dobro do recorde anterior.

A média móvel (média dos últimos sete dias) é de 2.757 mortes, disparada a maior do mundo hoje.

Especialistas afirmam que nas próximas semanas o país poderá passar por um cenário ainda mais sombrio, com hospitais lotados e a vacinação avançando em ritmo lento, enquanto o governo de Jair Bolsonaro rejeita a aplicação de um confinamento rígido em todo o território devido aos impactos negativos que tal medida gera sobre a economia.

A campanha de vacinação, que começou lentamente em janeiro e tem sido objeto de disputa política, avançou nos últimos dias, embora o país ainda não tenha garantido o número de doses necessárias para acelerar seu ritmo.

Até o momento, 20 milhões (9,8% da população) receberam a primeira dose e 5,8 milhões (2,7% da população) a segunda.

“Com a atual taxa de vacinação, a única forma de reduzir essa circulação acelerada do vírus é um confinamento efetivo. Não aquelas medidas de restrição ditadas nos estados em que estão definindo várias atividades como essenciais para mantê-las abertas”, disse à AFP a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

O aumento das mortes está gerando cenas difíceis em cidades como São Paulo, onde ônibus escolares foram habilitados para carregar corpos e enterros noturnos estão sendo realizados para atender a demanda.

“A situação em que nos encontramos é lamentável e não estamos vendo medidas efetivas nem por parte do governo federal nem dos estados. Infelizmente essa tensão política entre os governos regional e federal nos trouxe até onde estamos hoje, com aquele enorme número de pessoas que perderam suas vidas ", disse a professora Maciel.

Em termos relativos, o país registra uma média de 160 óbitos por 100.000 habitantes, valor inferior ao da República Checa (254 / 10.000), do Reino Unido (187 / 100.000) e dos Estados Unidos (168 / 100.000).

Mas as médias de vários estados dão a magnitude da tragédia. No Rio de Janeiro, chega a 220/100.000.

- A variante P1 -

O Brasil começou o ano com cenas de terror no estado do Amazonas (norte), com hospitais em colapso e a morte de dezenas de pessoas por falta de oxigênio. Com uma taxa de mortalidade de 292 por 100 mil habitantes, especialistas argumentavam na época que o surgimento de uma nova variante, denominada P1, favorecia a rápida disseminação do vírus.

A dúvida é se essa variante está por trás do aumento de casos e óbitos no Brasil.

“Como o Brasil não está sequenciando amplamente, podemos especular, mas não podemos ter certeza de como a nova variante contribui para o cenário em que vivemos”, disse à AFP Mauro Sanchez, epidemiologista e professor da Universidade de Brasília.

“Sabemos que a nova variante é mais transmissível e algum papel deve estar cumprindo. Certamente [a situação atual] é uma combinação da circulação de novas mutações, de novas variantes, com o comportamento das pessoas de não obedecer às restrições”, afirmou.

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