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Cães seriam todos descendentes de uma mesma população de lobos

De patas curtas ou alongadas, com o pelo enrolado ou comprido, todos os cães do mundo vêm de uma mesma população de lobos domesticados há entre 20.000 e 40.000 anos afp_tickers

De patas curtas ou alongadas, com o pelo enrolado ou comprido, todos os cães do mundo vêm de uma mesma população de lobos domesticados há entre 20.000 e 40.000 anos – revela um estudo publicado na revista científica Nature Communications nesta terça-feira (18).

“Nossos dados mostram que todos os cães modernos espalhados pelo mundo foram domesticados de uma única população de lobos”, diz à AFP a coautora do estudo Krishna Veeramah, da Universidade do Estado de Nova York, em Stony Brook.

Tomando indícios genéticos como base, esse novo estudo se soma a outras hipóteses sobre as controversas origens do melhor amigo do homem.

Segundo uma dessas hipóteses, os humanos domesticaram os cães pela primeira vez na Europa, há mais de 15.000 anos. Outros pesquisadores afirmam que essa domesticação teve início no leste da Ásia, pelo menos 12.500 atrás.

Já um estudo publicado no ano passado na revista Science apontou que os cães foram domesticados em dois lugares distintos, partindo de matilhas de lobos na Europa e na Ásia.

Os autores do estudo publicado nesta terça-feira disseram que sua análise de DNA mostra que os cachorros antigos se separaram dos lobos pela primeira vez há cerca de 40.000 anos, em um processo provavelmente desencadeado pela presença de humanos. Os pesquisadores não sabem, porém, em que parte do mundo isso aconteceu.

Há 20.000 anos, disse a equipe, os primeiros cães se dividiram geograficamente entre os caninos do Oriente e os do Ocidente.

O primeiro grupo deu origem aos cães do leste da Ásia, e o outro aos cães na Europa, no centro e no sul da Ásia e na África.

“Há 7.000 anos, eles (os cachorros) estavam praticamente por toda parte”, disse Krishna Veeramah.

O cão europeu desse período deu origem à maioria das raças de cães modernas encontradas hoje, concluíram os pesquisadores.

Krishna Veeramah e seus colegas analisaram amostras de DNA fossilizado de dois cães encontrados na Alemanha.

Um deles, de 7.000 anos, é o cão mais velho a ter tido seu DNA sequenciado até hoje. O outro é de pelo menos 4.700 anos. Ambos remontam ao Neolítico, período que marca o início da agricultura e da pecuária.

O genoma desses dois “senhores” europeus é parecido com o dos cachorros do presente, o que sugere uma origem geográfica única de cães domésticos.

O processo de domesticação desse animal – um carnívoro potencialmente perigoso ao homem – foi, certamente, “difícil”, afirma Krishna Veeramah, bem mais do que a de ovelhas, porcos, ou vacas.

“A hipótese atual é que esse processo ocorreu passivamente a partir de uma população de lobos que vivia na periferia dos campos de caçadores-coletores, alimentando-se do lixo produzido pelos humanos”, relata a cientista.

Os menos agressivos teriam, então, desenvolvido uma relação particular com os homens. É essa população ancestral de cães, única, que teria se disseminado pelo planeta, provavelmente ao sabor dos deslocamentos humanos.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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