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Células T assassinas aumentam imunidade a variantes do coronavírus, diz estudo

Imagem mostra uma micrografia eletrônica de um linfócito T humano (também chamado de célula T) do sistema imunológico de um doador saudável afp_tickers

O surgimento de variantes do novo coronavírus provocou preocupação sobre o impacto na eficácia das vacinas e se as pessoas que foram previamente infectadas poderiam ser mais suscetíveis à reinfecção.

No entanto, em uma boa notícia, um novo estudo divulgado nesta terça-feira (30) mostrou que um elemento essencial na resposta imunológica, chamado de “célula T assassina”, permaneceu praticamente inalterado.

A descoberta é encorajadora porque, embora esses glóbulos brancos não sejam uma defesa de primeira linha contra infecções, eles podem ajudar a prevenir doenças graves.

Cientistas do National Institutes of Health e da Johns Hopkins University analisaram amostras de sangue de 30 pessoas que contraíram e se recuperaram da covid-19 antes do surgimento das variantes.

Eles apresentaram suas descobertas no Open Forum Infectious Diseases, uma publicação da Oxford University Press.

A equipe buscou saber se essas células, conhecidas por seu nome técnico “células T CD8+”, ainda teriam a capacidade de reconhecer o vírus diante das três variantes do SARS-CoV-2: B.1.1.7, primeiro encontrada no Reino Unido, B.1.351, identificada na África do Sul e B.1.1.248, vista pela primeira vez no Brasil.

O que torna cada uma dessas variantes únicas são as mutações que elas carregam, especialmente em uma região da proteína spike do vírus, estruturas capazes de perfurar a superfície e permitir que ele invada as células.

Já foi demonstrado que mutações nessa região da proteína spike tornam algumas variantes menos reconhecíveis para os anticorpos neutralizantes – proteínas que combatem infecções produzidas pelas células B do sistema imunológico.

Isso parece ser particularmente verdadeiro, por exemplo, na B.1.351, de acordo com pesquisas sobre o impacto das vacinas da covid-19 da atual geração.

Os anticorpos neutralizantes são feitos sob medida para se ajustar a um antígeno ou a uma estrutura específica de um patógeno. No caso do coronavírus, eles se referem à proteína spike, à qual os anticorpos se ligam, evitando que o vírus infecte as células.

As células T assassinas, por sua vez, procuram por sinais de células que já foram infectadas por patógenos que encontraram anteriormente e, em seguida, matam essas células.

No novo estudo, os pesquisadores descobriram que as respostas das células T assassinas permaneceram praticamente intactas e podiam reconhecer virtualmente todas as mutações nas variantes estudadas.

Os pesquisadores reconhecem que estudos mais abrangentes são necessários para confirmar os resultados, mas afirmaram que, no entanto, demonstrou-se que as células T assassinas são menos suscetíveis a mutações do novo coronavírus do que os anticorpos neutralizantes.

Os anticorpos ainda são importantes para prevenir a infecção em um primeiro momento – e a eficácia reduzida das vacinas para as variantes parece ser uma evidência disso.

Mas uma resposta de células T assassinas que começa mais tarde e ajuda a eliminar a doença ajuda a explicar por que as vacinas parecem ser capazes de prevenir doenças graves e hospitalizações, embora sua eficácia em interromper o contágio pelas variantes seja reduzida.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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