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Cacique Raoni recebe alta e agradece por apoio durante internação

Cacique Raoni Metuktire, da tribo Kayapo, em entrevista coletiva após receber alta no Sinop, no Mato Grosso, em 25 de julho de 2020 afp_tickers

O cacique Raoni Metuktire, ícone da luta pela conservação da Amazônia no Brasil, recebeu alta médica, após ser internado em um hospital há uma semana e agradeceu por todo apoio recebido durante sua internação.

“Quero agradecer a todos que me apoiaram, que ouviram falar de mim todos os dias, sobre a minha saúde. Agradeço a vocês, agora estou curado”, disse o líder kapayó em uma breve declaração no hospital, onde foi atendido, segundo a tradução de seu neto Patxon Metuktire.

Em uma cadeira de rodas e visivelmente debilitado, o cacique de 90 anos apareceu em uma coletiva de imprensa no hospital Dois Pinheiros de Sinop, no estado do Mato Grosso, onde foi tratado desde sábado por úlceras gástricas, uma infecção e anemia.

“Ainda está um pouquinho debilitado, porque está terminando de se recuperar, mas está suficientemente forte para continuar liderando seu povo”, disse o médico Douglas Yanai, parte da equipe de oito especialistas que tratou dele.

Raoni viajará às 13h), em um avião do governo do Mato Grosso, até sua comunidade, Metuktire, no território Xingu, informou o hospital.

Segundo os médicos, Raoni sofreu um agravamento das úlceras que já tinha pela falta de alimentação, devido a um “quadro de tristeza profunda”, após a morte de sua esposa Bekwyjka, sua companheira de vida por 60 anos, vítima de um derrame cerebral, em 23 de junho.

“Nossa conclusão é que houve uma mistura de acontecimentos. O falecimento de sua esposa gerou um quadro de tristeza profunda no cacique” que, somada a uma “alimentação irregular”, agravou suas úlceras, disse Yanai.

“Havia o risco de vida para ele, porque era um quadro que exigia bastante cuidado”, acrescentou o médico.

Em sua breve declaração, Raoni pediu respeito um pelo outro, porque a doença ocorre sem um aviso prévio e pode afetar a família e os amigos.

“Eu queria falar para vocês. A doença chega qualquer dia e ataca alguém da nossa família. Eu quero que todas as pessoas pensem nisso. E poder gostar, amar, poder respeitar o outro, porque a gente não sabe o dia de amanhã. se nossos amigos vão ficar doentes. E isso que eu penso. A gente deve estar junto, deve se respeitar, deve gostar do outro, porque a doença não marca data quando ela vem”, declarou.

Caracterizado por seus coloridos cocares de penas e pelo grande disco inserido em seu lábio inferior, Raoni viajou pelo mundo nas últimas três décadas para criar consciência sobre a ameaça de destruição da Amazônia.

Chegou a ser acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de estar a serviço de potências estrangeiras.

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