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Capriles: levante militar na Venezuela ‘está no ar’

(Arquivo) O líder opositor venezuelano Henrique Capriles afp_tickers

A possibilidade de um levante militar “está no ar” na Venezuela, onde a oposição impulsiona um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, em meio a uma aguda crise sócio-econômica, considerou nesta sexta-feira o líder opositor Henrique Capriles, em entrevista à BBC.

Segundo Capriles, ex-candidato presidencial, as forças armadas venezuelanas estão divididas entre uma “cúpula militar corrupta” e o restante dos militares, afetados “pela pior crise econômica da nossa história”.

“Esta cúpula obviamente vai defender Maduro, porque a queda de Maduro é a queda deles também”, considerou.

“Não quero dizer se (um levante militar) tem chances pequenas ou grandes, mas está no ar”, afirmou.

“Nós não queremos isso. Se nós quiséssemos um levante militar, não estaríamos exigindo um [referendo] revogatório”, disse.

Esta semana, Capriles, principal promotor do referendo, convocou as forças armadas a decidir se estão “com a Constituição ou com Maduro”, ao fazer um chamado a rejeitar o estado de exceção decretado pelo governante.

O estado de exceção, decretado inicialmente por 60 dias e que foi rejeitado pelo Congresso, mas confirmado pelo Supremo Tribunal de Justiça – máxima corte venezuelana – concede poderes especiais aos militares e a outras forças de segurança, inclusive a grupos civis, para manter a ordem interna e defender o país de agressões externas.

Também permite tomar o controle das fontes de bens primários e de energia para enfrentar a escassez.

“Se Maduro ordenar que as forças armadas tomem uma fábrica à força, as forças armadas terão que tomar a decisão sobre se vão com Maduro ou dizem a ele: ‘Nós não vamos acatar ordens que estejam à margem da Constituição'”, comentou Capriles.

Ao se referir à realização de um revogatório, para o qual a oposição já reuniu 1,8 milhão de assinaturas, Capriles disse que “vai chegar um momento em que para Maduro será inevitável, com toda a comunidade internacional, com todo o país pedindo”.

“Trancar a via democrática é jogar lenha na fogueira”, disse.

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