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Chile dá último adeus a Aylwin, presidente da restauração democrática

A presidente chilena, Michelle Bachelet, presta homenagem durante o funeral do ex-presidente Patricio Aylwin, em Santiago, no dia 20 de abril de 2016 afp_tickers

Com uma missa na catedral de Santiago e um concorrido cortejo pelas ruas do centro da capital, o Chile deu seu último adeus a Patricio Aylwin, o presidente que restaurou a democracia após a sangrenta ditadura de Augusto Pinochet.

No terceiro dia do luto nacional decretado pelo governo de Michelle Bachelet, após a morte de Aylwin, na terça-feira, aos 97 anos, de causas naturais, o ex-presidente foi sepultado no cemitério Geral de Santiago, ao final de uma cerimônia fúnebre solene.

A presidente Bachelet destacou “sua coragem, humildade e sua entrega à democracia chilena”. Aylwin assumiu o poder em março de 1990, depois de vencer as eleições gerais convocadas pela ditadura de Pinochet (1973-1990).

“Ele defendeu com obstinação a unidade e o reencontro dos democratas (…) Pôs seu trabalho, seu caráter e sua sabedoria a serviço da reconciliação dos chilenos”, acrescentou a presidente socialista.

Com Pinochet como chefe do Exército, Aylwin lidou com a pressão mantida pelo ex-ditador, que durante seu mandato voltou a enviar tropas às ruas.

Neste contexto, instaurou uma “política dos consensos”, hoje criticada, enquanto assumiu uma difícil posição entre as vítimas, as quais comunicou que seria feita “justiça na medida do possível”.

Um ano após assumir o poder, Aylwin pediu perdão em nome do Estado chileno.

No âmbito econômico, seus quatro anos de governo foram marcados por um crescimento robusto da economia chilena, em torno de 8%, e a redução da pobreza de 40% para 30%.

Nesta sexta-feira, após uma longa cerimônia na catedral de Santiago, o caixão coberto com a bandeira chilena saiu acompanhado pelos netos do ex-presidente, por Bachelet e pelos ex-presidentes Eduardo Frei (1994-2000), Ricardo Lagos (2000-2006) e Sebastián Piñera (2010-2014).

Milhares de pessoas foram às ruas nas diferentes partes do trajeto, agitando lenços brancos e bandeiras chilenas em frente ao carro que, coberto com pétalas de flores, levou o corpo do político.

“Aylwin é o rosto da transição democrática no mundo, ele nos levou de volta ao mundo, após o isolamento internacional em que estávamos na ditadura”, disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, ao se despedir do ex-presidente.

Assim o Chile deu adeus ao presidente que iniciou a reconciliação, após um regime que deixou mais de 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

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