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Chile prende ex-comandante do Exército por ‘Caravana da Morte’

(Arquivo) O ex-comandante do Exército chileno Juan Emilio Cheyre, em Santiago, no dia 3 de março de 2004 afp_tickers

O ex-comandante do Exército chileno Juan Emilio Cheyre foi detido nesta quinta-feira sob a acusação de encobrir o caso conhecido como “Caravana da Morte”, envolvendo a execução de 75 opositores dias após a instalação da ditadura de Augusto Pinochet, em 1973.

Cheyre, que comandou o Exército chileno entre 2002 e 2006, foi preso em um processo que envolve outros oito acusados, por decisão do juiz Mario Carroza, informou o Poder Judiciário.

“O ministro (…) Mario Carroza determinou o processo contra os nove militares por autoria ou cumplicidade em 15 homicídios qualificados perpetrados no dia 16 de outubro de 1973, durante a passagem da denominada ‘Caravana da Morte’ por La Serena”, no norte do Chile.

Os demais acusados também estão detidos, exceto por Armando Fernández Larios, que mora nos Estados Unidos.

O general Cheyre, que durante seu comando reconheceu a responsabilidade do Exército nas violações dos direitos humanos durante a ditadura de Pinochet, está detido em uma unidade militar no leste de Santiago.

“O mais doloroso é que estamos falando de um comandante do Exército em transição que foi responsável por crimes contra a humanidade”, disse Lorena Pizarro, presidente do Grupo de Familiares de Detidos-Desaparecidos.

– Caso emblemático –

O caso “Caravana da Morte” é um dos episódios de violação dos direitos humanos mais emblemáticos do Chile. Dias após a instalação da ditadura de Pinochet, em setembro de 1973, uma missão militar percorreu várias cidades do Chile para deter e executar opositores de forma sumária.

Enviados por Pinochet e a bordo de um helicóptero Puma, a missão militar chegou à cidade de La Serena (500 km ao norte de Santiago) no dia 16 de outubro de 1973.

“Após selecionar os suspeitos que seriam justiçados, um grupo de soldados foi à Prisão Pública de La Serena, onde várias pessoas estavam detidas a disposição da autoridade militar”, descreve o juiz.

Em seguida, foram levados ao polígono de tiros do Regimento de La Serena. “Uma vez no local, foram executados sem qualquer julgamento, por meio de disparos efetuados pelo pessoal do Exército”, destaca o ministro Carroza.

Os corpos dos executados foram enterrados em fossas comuns, cuja localização foi ocultada de seus familiares. O mesmo procedimento foi repetido em diversas cidades do Chile.

Pinochet foi colocado sob prisão domiciliar por este caso, mas a defesa alegou demência e o general acabou não sendo condenado.

Os 17 anos de ditadura militar no Chile deixaram mais de 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

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