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Com vítimas e algozes na Colômbia, papa descarta reunião com Farc

Em sua 29ª viagem internacional e a quinta para a América Latina, o papa argentino dedicará o dia 8 de setembro, em Villavicencio, no coração da Colômbia, à paz e à reconciliação afp_tickers

O papa Francisco ouvirá os depoimentos de vítimas e algozes da violência na Colômbia, durante sua visita na próxima semana a esse país, e não tem reuniões programadas com representantes das guerrilhas, ou da oposição política.

“É uma viagem pastoral para anunciar o Evangelho”, explicou o porta-voz do Vaticano, o americano Greg Burke, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (1º).

Em sua 29ª viagem internacional e a quinta para a América Latina, o papa argentino dedicará o dia 8 de setembro, em Villavicencio, no coração da Colômbia, à paz e à reconciliação.

“Será um dia muito especial: o dia dedicado à reconciliação e no qual estarão presentes vítimas da violência, ex-guerrilheiros e ex-milicianos”, disse Burke, ao informar o programa de viagem do papa na Colômbia, de 6 a 10 de setembro.

“Em particular, o papa ouvirá o depoimento de quatro pessoas”, relatou Burke, que detalhou que o pontífice quis que o encontro ocorresse em “um momento da liturgia”, ou seja, da missa que presidirá no parque de Las Malocas e da qual 6.000 pessoas devem participar.

Trata-se de um dos gestos mais importantes da visita do papa à Colômbia, quando ele ouvirá os relatos de dor e raiva de um país que sofreu por mais de 50 anos com um cruel conflito interno. Foram mais 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e 7,1 milhões de deslocados.

Para a missa, foi levado um crucifixo da igreja onde ocorreu o massacre de Bojacá, na região de Chocó, no qual cerca de 100 civis morreram presos dentro do templo.

Antes de voltar para Bogotá, onde dormirá todas as noites, Francisco vai rezar diante da cruz da reconciliação no Parque dos Fundadores de Villavicencio. Lá, o papa plantará uma árvore.

O porta-voz do Vaticano assegurou que o papa “não tem programadas reuniões com a guerrilha das Farc”, com a qual o governo assinou um histórico acordo de paz em 2016, “nem com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), nem com a oposição”.

Líderes da agora ex-guerrilha não esconderam seu desejo de se reunir com o pontífice.

A partir desta sexta, as Farc passam a se chamar Força Alternativa Revolucionária do Comum, transformando-se em um partido político.

“Não está previsto que esse partido esteja presente nos atos oficiais”, assegurou o porta-voz.

Questionado sobre a possibilidade de que a visita do papa seja instrumentalizada politicamente, Burke convidou a “ouvir o papa”. Ele lembrou que o sumo pontífice não hesitou em criticar, ou repreender, o poder político e mesmo o clero durante suas viagens, como aconteceu no ano passado, no México. Nessa visita, Francisco falou tanto de corrupção e quanto do narcotráfico.

Além de Bogotá, Francisco visitará Medellín e Cartagena. Pronunciará 12 discursos ao todo, entre eles cinco alocuções e quatro homilias, duas saudações aos fiéis e uma oração do Angelus, além de presidir quatro missas para multidões.

As autoridades do Vaticano calculam que 700.000 pessoas irão saudá-lo em sua chegada à capital colombiana, em 6 de setembro, ao longo dos 15 quilômetros que separam o aeroporto da nunciatura, onde ficará alojado.

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