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Concertos chavista e opositor, frente a frente na fronteira com a Colômbia

Instalação do palco onde será realizado um concerto na entrada da ponte que liga a cidade de Cucuta, Colômbia, e Ureña, Venezuela, 20 de fevereiro de 2019 afp_tickers

O concerto que o governo venezuelano anunciou na fronteira com a Colômbia será realizado em um dos extremos da ponte de Tienditas, a 300 metros de distância do recital organizado na sexta pelo bilionário Richard Branson pela entrada de ajuda humanitária na Venezuela.

“O que fizerem do outro lado da fronteira é problema deles. (…) Nós defenderemos nosso território”, disse nesta quarta-feira (20) à imprensa o dirigente chavista Darío Vivas na entrada da ponte que liga Ureña (Venezuela) a Cúcuta (Colômbia).

Vivas detalhou que ali será realizado o ato musical ‘Hands off Venezuela’ (Tirem as mãos da Venezuela) e não, como havia sido informado inicialmente, na ponte internacional Simón Bolívar, principal passagem de pedestres binacional.

Assim, o show do chavismo será na sexta, sábado e domingo, e não em dois dias, como havia sido anunciado.

Os dois eventos estarão separados na sexta pela ponte – de 280 metros de comprimento -, bloqueada há duas semanas por militares com caminhões, contêineres de carga, cisternas de transporte de combustível e outros obstáculos.

Vivas qualificou de “provocação” a iniciativa em Cúcuta, com a qual os opositores esperam arrecadar cerca de 100 milhões de dólares em 60 dias em ajuda humanitária, a pedido do opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países.

Maduro se nega a aceitar a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos a Cúcuta por gestão de Guaidó, ao denunciá-la como o preâmbulo de uma invasão militar para derrubá-lo.

Guaidó, também chefe parlamentar, pede à Força Armada que deixe passar os carregamentos, e afirmou que estes cruzarão as fronteiras “sim ou sim” no sábado.

“Vamos defender nosso território, palmo por palmo”, expressou Vivas, enquanto um grupo de partidários de Maduro, com camisetas vermelhas, estendia uma bandeira da Venezuela sobre a ponte de Tienditas.

O concerto montado por Branson contará com artistas internacionais como o britânico Peter Gabriel, os espanhóis Alejandro Sanz e Miguel Bosé, os colombianos Carlos Vives e Juanes, o porto-riquenho Luis Fonsi, o dominicano Juan Luis Guerra e os venezuelanos José Luis Rodríguez (“El Puma”) e Nacho.

Ainda não se sabe quais serão as atrações do show chavista, mas Vivas afirmou que o evento será focado em música tradicional venezuelana.

O governo promoverá, acrescentou Vivas, distribuição de alimentos e atendimento médico gratuito nas passagens de pedestres fronteiriças de Ureña e San Antonio, destinados à população colombiana.

O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, já tinha adiantado essas atividades na segunda-feira, afirmando que 40% dos habitantes de Cúcuta vivem condições de pobreza.

“É preciso estar muito fora da realidade e ser muito cínico (…) para zombar desta forma da necessidade” dos venezuelanos, reagiu então Guaidó.

A Venezuela sofre uma aguda crise econômica, com escassez de produtos básicos e uma hiperinflação que o FMI projeta em 10.000.000% para 2019, colapso que levou 2,3 milhões de pessoas a migrarem desde 2015, segundo a ONU.

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