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Costureira de bairro triunfa nos desfiles de alta-costura de Paris

Modelo desfila coleção da estilista francesa Stéphanie Coudert, em Paris, 6 de julho de 2014 afp_tickers

Stéphanie Coudert era, há dez anos, uma costureira particular e fazia vestidos para um punhado de clientes em sua loja de Paris. Neste domingo, começou uma nova vida: apresentou sua coleção nos desfiles de alta-costura da capital francesa.

“Fazia alta-costura, mas em sigilo”, diz a estilista, 39 anos e longos cabelos escuros. Sua credencial: “uma mulher, um vestido”.

Organizado em uma mansão do século XIX que pertenceu aos Rothschild e onde, habitualmente, apresentam-se Valentino e outras grandes marcas, o desfile foi uma demostração da elegância à francesa sem cair no óbvio, com uma silhueta feminina, mas não sexy.

Instalada no popular bairro de Belleville, no norte de Paris, Stéphanie Coudert atendia a cerca de trinta clientes regulares. Mulheres do bairro, conhecidas que ouviram falar de seu trabalho e turistas estrangeiras enviadas por algum grande hotel.

Até que, em janeiro, um destes encontros mudou sua vida. Seu trabalho chamou a atenção de um industrial dono de um ateliê onde eram feitas as roupas das marcas mais conhecidas.

O homem, “um apaixonado pelo trabalho manual”, decidiu apoiar Stéphanie e mandou fabricar em seu ateliê a coleção que a estilista apresentou neste domingo, no primeiro dia dos desfiles de alta-costura.

Foi, na verdade, seu segundo desfile. O primeiro aconteceu há 10 anos. “Fazia tudo sozinha. Era exaustivo”. Logo depois, decidiu trabalhar para uma clientela particular, transformando-se em modista pessoal, trabalho comum na América Latina e na Espanha, mas que, na França, quase havia desaparecido.

– A verdadeira elegância –

“As pessoas começaram a me perguntar: ‘Por que você não mostra o que faz?'”, conta Stéphanie, que se formou na Escola de Artes Decorativas e no Instituto Francês de Moda. “Não queria fazer uma coleção sem uma ferramenta por trás, sem o respaldo de um ateliê de confecção”.

Hoje ela, finalmente, conseguiu. Suas cinco máquinas de costura abandonaram o ateliê e foram instaladas no do fabricante, onde trabalham centenas de pessoas.

Sua coleção conseguiu, assim, entrar para o clube exclusivo da alta-costura, que atrai fotógrafos, jornalistas e clientes de todo o mundo. Uma atenção muito maior que durante a semana de prêt-à-porter, saturada, com mais de dez desfiles por dia. Junto aos jornalistas especializados e convidados, era esperada por várias de suas clientes mais fiéis.

A estilista apresentou 20 looks. Quando perguntada sobre seu estilo, fala em volume, estrutura, movimento. Coudert fez muita ginástica e continua patinando no gelo, e diz ser “sensível ao porte da bailarina”.

Diferente de muitos estilistas, seu processo criativo não começa pelo desenho, mas sim “esculpindo em um manequim”. Sua moda, seja para o dia, a noite ou esporte, pretende ser fácil de usar. “Temos que cultivar a elegância à francesa”, diz.

“É uma história incrível, digna de uma novela”, diz o presidente da Federação Francesa de Costura, Didier Grumbach. “É impressionante: o resultado de seu trabalho é a verdadeira elegância”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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