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Em cruzada anticorrupção, presidente peruano busca apoio de novos parlamentares

Vista da sede do Congresso peruano, em 24 de janeiro de 2020 em Lima afp_tickers

Em busca de apoio para sua cruzada anticorrupção – que sofria resistência durante os últimos mandatos no Legislativo, por causa da predominância do fujimorismo – o presidente peruano, Martín Vizcarra, iniciou nesta segunda-feira (3) o diálogo com as novas bancadas do Congresso.

Sem partido político, Vizcarra precisa do apoio das várias bancadas do Congresso que assumirá as novas funções a partir de março para que as propostas de reformas políticas e judiciais, pendentes por recusa fujimorista desde 2018, sejam finalmente aprovadas.

“Foi uma reunião muito importante, conversamos sobre as reformas políticas pendentes. Há uma sinalização de compromisso do ‘Alianza para el Progreso’ (partido peruano de centro-direita) para apoiar as reformas políticas e judiciais”, disse o presidente, ao sair da sua primeira reunião com o líder desse partido, César Acuña.

Na agenda de Vizcarra, estão programadas outras três reuniões para esta segunda-feira, entre elas uma com a bancada do agora minoritário fujimorista Fuerza Popular, partido considerado populista de direita, liderado por Keiko Fujimori, que está em prisão preventiva há seis dias por suposto escândalo de corrupção.

“Antes que o novo Congresso comece a funcionar, primeiro temos que ver como pensam os partidos. As propostas (presidenciais) devem estar claras e devemos saber as propostas das novas bancadas”, explicou o analista político Fernando Tuesta à AFP.

Nenhum partido recebeu mais de 10% dos votos. Os mais votados foram partidos de centro-direita abertos ao diálogo e uma evangélica fundamentalista.

Nesta segunda-feira, o octogenário ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos, foi internado em uma clínica em Lima, capital peruana, a´pos sofrer de uma paralisia facial e hipertensão.

– Sob os holofotes –

Em 2018, Vizcarra começou a sua cruzada contra a corrupção, poucos meses depois de assumir o poder no lugar do presidente Pedro Pablo Kuczynski, que havia sido forçado a renunciar por causa do fujimorismo.

No Peru, a corrupção é algo recorrente. Quatro ex-presidentes, entre eles Kuczynski, estão envolvidos no escândalo de pagamentos ilegais a políticos relacionado à Odebrecht.

No radar do Ministério Público peruano também está Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006), tendo encerrado o processo contra Alan García (1985-1990 e 2006-2011) após seu suicídio em abril de 2019, quando iria ser preso.

Vizcarra desmontou o Congresso em 30 de setembro do ano passado e convocou novas eleições legislativas, realizadas no último 26 de janeiro. Os fujimoristas receberam somente 15 bancadas, uma drástica redução frente às 73 bancadas que tinham em 2016, de um total de 130.

– “Não vamos conversar” –

Oito dos nove partidos que obtiveram representantes no Congresso aceitaram participar das reuniões com Vizcarra, cujo mandato terminará em julho de 2021. As conversas devem acontecer até a próxima quarta-feira.

O único a rejeitar a proposta de diálogo foi o partido nacionalista “Unión por el Perú”, liderado por Virgilio Acuña.

“Não vamos conversar com o presidente até assumirmos o nosso lugar no Congresso e apresentarmos nossas prioridades. Depois disso conversaremos”, declarou Acuña à imprensa.

O atual presidente peruano, por sua vez, defende que “com seus votos, os peruanos apostaram no diálogo. Nossa vontade é de dialogar com todas as forças políticas. Apesar das diferenças ideológicas, ninguém pode se manter à margem do diálogo”, ressaltou.

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