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Em luto, Holanda recebe primeiros restos de vítimas do voo MH17

Soldados levam o corpo de uma das vítimas até um dos aviões militares, durante uma cerimônia no aeroporto de Kharkov afp_tickers

Em meio a um silêncio carregado de emoção, os caixões contendo os primeiros restos mortais das 298 vítimas da queda do avião malaio chegaram nesta quarta-feira ao aeroporto de Eindhoven, na Holanda, onde várias famílias aguardavam ansiosas.

O Boeing 777 da Malaysia Airlines caiu na quinta-feira passada atingido por um míssil. Por volta das 16h00 (11h00 de Brasília), a Holanda parou quando os dois aviões com os 40 caixões de madeira clara aterrissaram em Eindhoven, no sul do país.

A Holanda foi o país com o maior número de vítimas, 193.

As bandeiras dos países que perderam cidadãos na tragédia estavam a meio-mastro no aeroporto e um minuto de silêncio foi respeitado pelas famílias presentes. Também estavam no aeroporto o rei Willem-Alexander e a rainha Maxima, além do primeiro-ministro Mark Rutte.

Os militares das Forças Armadas holandesas transportaram em seguida, em silêncio absoluto, os caixões para os veículos funerários que levaram os corpos à base militar de Hilversum, perto de Amsterdã, onde o processo de identificação começou e pode levar vários meses.

A cerimônia foi transmitida ao vivo pela televisão. À beira de uma estrada que leva à base militar e diante desta, milhares de holandeses se reuniram para ver a passagem do comboio, jogando flores e aplaudindo, em homenagem às vítimas.

Enquanto as famílias esperavam angustiadas o repatriamento dos primeiros corpos, vários outros ainda estariam no local da queda expostos “aos danos causados pelo calor e pelos animais”, afirmou Tony Abbott, primeiro-ministro da Austrália, que perdeu 28 cidadãos na tragédia.

– Um mar de flores na entrada do aeroporto –

O silêncio era total no normalmente movimentado aeroporto de Amsterdã-Schiphol, de onde havia decolado o avião na quinta-feira passada.

Pessoas choravam diante do mar de flores depositadas na entrada do aeroporto, onde nenhum avião aterrissou ou decolou durante um minuto.

Em todo o país, o dia de luto nacional – o primeiro desde a morte da rainha Wilhelmina em 1962 -, foi marcado pela suspensão dos serviços de trens e metrô para que todos pudessem respeitar o minuto de silêncio ao som dos sinos das igrejas.

Nesta quarta-feira, menos de uma semana depois da tragédia, a Ucrânia indicou que dois caças tinham sido abatidos em uma área rebelde, atingidos por mísseis disparados da Rússia.

“Dois de nossos aviões foram abatidos a 5.200 metros de altitude. Segundo as primeiras informações, os mísseis foram disparados do território da Rússia”, declarou o Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano em um comunicado.

Os separatistas pró-russos foram acusados por várias potências, principalmente os Estados Unidos, pelo ataque ao avião malaio. De acordo com os serviços de inteligência americanos, havia na região rebelde um sistema de lançamento de mísseis Buk no momento da queda da aeronave.

A derrubada pode ter sido um engano de uma “equipe sem treinamento”, indicou uma autoridade da inteligência americana que pediu para não ser identificada.

– Missão policial internacional –

De acordo com o governo de Kiev, Holanda e Austrália manifestaram sua disposição em enviar “uma missão policial organizada pela ONU” com o objetivo de preservar o local do acidente, em uma região controlada pelos separatistas, e de garantir uma investigação independente.

Depois de ter sido bloqueada pelos rebeldes, a maior parte dos restos mortais foi levada na terça-feira para Kharkiv a bordo de um trem refrigerado.

O presidente americano, Barack Obama, afirmou que Moscou vai enfrentar “custos adicionais” caso mantenha sua estratégia de desestabilização na Ucrânia.

Os embaixadores dos países da UE devem se reunir na quinta-feira em Bruxelas para decidir uma nova lista de pessoas e instituições russas afetadas por sanções em razão de seu apoio aos separatistas.

As caixa-pretas do avião malaio chegaram nesta quarta ao Reino Unido para serem analisadas. Os dados contidos em uma delas foram recuperados com sucesso.

É pouco provável que elas permitam identificar a origem do disparo que atingiu o avião de passageiros.

Os investigadores constataram que a que registra as conversas na cabine não tinha sido violada.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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