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Especialistas defendem tratamento imediato após diagnóstico de aids

Michel Sidibe (D), da ONU Aids, participando de uma entrevista coletiva em Vancouver, Canadá, no dia 20 de julho de 2015 afp_tickers

Um grupo de pesquisadores pede uma mudança radical das abordagens terapêuticas da aids, com o objetivo de tratar as pessoas com drogas antirretrovirais logo após o diagnóstico da infecção pelo HIV.

“Um tratamento antirretroviral imediato oferece mais do que o dobro das possibilidades de que uma pessoa se mantenha viva e com boa saúde”, segundo um texto assinado pelos cientistas na abertura da 8ª Conferência sobre HIV, Patogênese, Tratamento e Prevenção (IAS – 2015), que ocorre até a próxima quarta-feira em Vancouver.

Os pesquisadores ressaltaram que as novas pesquisas, que serão apresentadas durante a conferência, mostram que um tratamento administrado desde o início do diagnóstico permite prevenir a transmissão do vírus da aids para um parceiro sexual, enquanto outros estudos provam que uma terapia preventiva “pode proteger de maneira eficaz as pessoas com risco de infecção por uma prática profilática”.

“Vancouver vai fazer história novamente”, declarou o co-presidente da conferência, Julio Montaner, em alusão à edição de 1996 do mesmo encontro, que marcou uma etapa importante na luta contra a aids. Foi então, há quase 20 anos, que a pesquisa havia revelado os resultados positivos de uma terapia combinada de três antirretrovirais.

A partir de então, de uma morte quase garantida se passou à possibilidade de levar uma vida normal sendo portador do HIV.

Um amplo estudo clínico de escala internacional evidenciou, no final de maio, a importância de um tratamento rápido a partir da detecção do vírus. O estudo Start (Strategic Timing of Antiretroviral Treatment) mostrou que os pacientes tratados imediatamente tinham 53% menos risco de morrer ou desenvolver doenças relacionadas à infecção.

– “Se o papa entendeu…” –

Em Vancouver, os pesquisadores mostrarão que é possível reduzir 95% da taxa de transmissão do HIV.

“Agora temos a oportunidade de erradicar a pandemia”, disse Montaner. Embora ainda seja necessário, acrescentou, que os atores políticos de todos os continentes trabalhem nesse sentido.

“Você grandes deste mundo, ou estão conosco ou contra nós. Nós temos a prova e cabe a vocês reconhecerem fazer a coisa certa”, acrescentou.

O Vaticano enviou uma carta pública para os participantes da conferência onde se manifestou a favor do tratamento e da prevenção da aids.

“Se o papa entendeu isso, todo mundo deveria” fazer o mesmo, disse Julio Montaner em coletiva de imprensa antes da abertura da conferência, no domingo à noite.

Retomando as declarações feitas pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, na última terça-feira, o diretor-geral da Unaids, Michel Sidibé, ressaltou os benefícios obtidos através do investimento na luta contra a aids.

O objetivo de chegar a 15 milhões de pessoas em tratamento para o HIV no mundo, que propunha que em 2015 15 milhões de dos 37 milhões de pessoas infectadas estivessem sendo tratadas, foi alcançado.

“Os objetivos ambiciosos levam a progressos na saúde do mundo e temos que aproveitar as lições do movimento 15×15 e fazer o possível para erradicar a epidemia de uma vez por todas”, declarou Sidibé.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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