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EUA pagou “preço alto” por apoiar reeleição do presidente de Honduras, diz senador

O presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández afp_tickers

Os Estados Unidos pagaram um “preço alto” por apoiar a reeleição do presidente de Honduras, ignorando as recomendações contrárias da Organização dos Estados Americanos (OEA), afirmou um senador americano nesta quarta-feira (24).

Tim Kaine, presidente da subcomissão de assuntos do hemisfério ocidental da Comissão de Relações Exteriores do Senado, deplorou o apoio do governo do ex-presidente Donald Trump à reeleição de Juan Orlando Hernández em 2017.

“Os Estados Unidos pagaram um preço alto por não se oporem a um autoritário e agora estamos lidando com uma crise na fronteira alimentada por intensa violência e corrupção naquele país”, criticou Kaine durante uma audiência no Congresso.

“Portanto, se não agirmos para apoiar organizações como a OEA, acabaremos vendo coisas com as quais não estamos felizes”, acrescentou o senador democrata, ex-candidato à vice-presidência dos EUA na chapa com Hillary Clinton em 2016.

Hernández, um advogado de direita no poder desde 2014, foi reeleito em novembro de 2017 em meio a alegações de fraude e após uma decisão judicial questionada que lhe permitiu concorrer apesar de uma proibição constitucional.

Após um problema de transmissão de dados durante a contagem de votos, Hernández virou uma vantagem de cinco pontos percentuais de seu adversário, Salvador Nasralla, e o venceu por menos de dois pontos.

Kaine disse que a OEA denunciou as “enormes irregularidades” e recomendou a organização de novas eleições, mas os Estados Unidos “minaram” o órgão regional e reconheceram o mandato de Hernández até 2022 “porque o mandatário hondurenho havia feito uma variedade de coisas que a administração (Trump) gostou”.

Posteriormente, Tony Hernández, ex-deputado do Congresso hondurenho e irmão do presidente, foi declarado culpado de tráfico de drogas em outubro de 2019 “com muitas provas que implicam o presidente”, lembrou o senador.

E agora, acrescentou, acaba de ser concluído em Nova York um segundo julgamento por tráfico de drogas contra um hondurenho acusado de ser parceiro do presidente Hernández.

Durante a audiência desta quarta-feira, convocada para debater a situação da democracia na América Latina e no Caribe, o Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, lembrou que a convocação de novas eleições em Honduras não teve eco na comunidade internacional.

Em janeiro de 2020, o governo Hernández não renovou a Missão de Apoio contra a Corrupção e a Impunidade em Honduras (MACCIH), criada em 2016 em convênio com a OEA.

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