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Europa apresenta novo modelo de cooperação na América Latina

Neven Mimica, comissário de Cooperação Internacional e Desarrollo da UE, em 28 de outubro de 2016 em Haia afp_tickers

A União Europeia (UE) apresentou seu novo modelo de cooperação, “desenvolvimento em transição”, nesta quinta-feira. A proposta é que os países de renda média – a maioria na América Latina – enfrentem desafios como desigualdade, mudanças climáticas, violência ou fraqueza do Estado.

No âmbito da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), o comissário de Cooperação Internacional e Desenvolvimento da UE, Neven Mimica, apresentou à comunidade latino-americana o “desenvolvimento em transição”, que visa adaptar sua cooperação conforme os diferentes níveis de desenvolvimento dos países da região.

Os novos desafios desses países convenceram os europeus da necessidade de criar modelos “inovadores, diferenciados e adaptados” para o nível de desenvolvimento de cada país, reconheceu Mimica.

Essa é uma reivindicação antiga da maioria dos países da região, encabeçados por Chile, Uruguai e Costa Rica, cuja renda per capita os impede de usar a assistência oficial ao desenvolvimento (AOD) tradicional, ter acesso a fundos concessionais e a tratamentos diferenciados em assuntos comerciais.

“Temos que fazer ternos sob medida”, disse o ministro das Relações Exteriores do Chile, Roberto Ampuero, no fórum regional.

Nem sempre o Produto Interno Bruto per capita equivale a desenvolvimento. Um “PIB per capita pode esconder grandes desigualdades”, lembrou a diretora da Cepal, a mexicana Alicia Bárcenas.

Este é frequentemente o caso na região, onde apesar dos progressos significativos nos últimos anos, se mantêm a falha de produtividade, a falta de diversificação da estrutura de produção, a baixa modernização tecnológica, a pobreza, a vulnerabilidade e fraqueza institucional, que prejudicam a aplicação do Estado de direito, disse ela.

“A América Latina é a região mais desigual do mundo”, lembrou Bárcenas. Embora mais de 50 milhões de pessoas tenham saído da pobreza nos últimos anos e 30 milhões da pobreza extrema, ainda existem 168 milhões de pessoas pobres.

E o pior é que 40% das pessoas que deixaram a pobreza podem voltar a ela se houver uma crise, alertou a funcionária da ONU.

Depois de lembrar que “não há um caminho universal e único para alcançar o desenvolvimento”, a América Latina, disse ela, “oferece um contexto perfeito para construir uma nova narrativa para o desenvolvimento” como a proposta pela UE.

“Quero deixar claro que o desenvolvimento em transição não significa desviar a assistência essencial para o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos, que são os que mais necessitam”, mas sim encontrar juntos “maneiras novas e mais eficazes” para os países com mais altos níveis de desenvolvimento e colocar “a qualidade à frente da quantidade de nossa cooperação para produzir melhores resultados”, disse o comissário europeu.

Os cidadãos exigem “mais diálogo, mais responsabilidade e melhores respostas a preocupações cada vez mais prementes sobre boa governança e instituições públicas eficazes”, lembrou Mimica.

“A experiência da Europa é fundamental para nossos países”, disse Álvaro García, diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento do Uruguai, que destacou novos problemas como o envelhecimento da população, “o que implica enormes desafios do ponto de vista de orçamento e do sistema de pensões”, ou investimento em ciência, tecnologia e inovação.

“Temos muito a aprender com a qualidade dos serviços e precisamos da ajuda da Europa”, disse ele.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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