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Ex-policiais pedem votos contra esquerdista Castillo em ato simbólico no Peru

O candidato presidencial de esquerda peruano pelo partido Peru Libre, Pedro Castillo (D), e sua vice-presidente, Dina Boluarte, no norte de Lima, em 18 de maio de 2021. afp_tickers

Dezenas de ex-policiais e parentes de agentes mortos no conflito armado interno peruano expressaram nesta quinta-feira (20) seu repúdio ao candidato de esquerda Pedro Castillo, em um ato simbólico em uma rua de Lima onde a guerrilha maoísta Sendero Luminoso perpetrou um ataque com um carro-bomba em 1992.

Participaram do evento ex-agentes do Grupo de Inteligência Especial (GEIN), que capturou o líder do Sendero, Abimael Guzmán, em setembro de 1992, junto com ex-policiais feridos pelos ataques da guerrilha, viúvas e órfãos de agentes.

Os ex-policiais fizeram um apelo para impedir a vitória de Castillo, que enfrentará a candidata de direita Keiko Fujimori no segundo turno da eleição presidencial, em 6 de junho.

“Este lugar está cheio de simbolismo”, declarou o coronel reformado Benedicto Jiménez, fundador e ex-chefe do GEIN, enquanto os outros participantes, incluindo um ex-policial que perdeu a visão e uma das mãos em um ataque, gritavam “terrorismo nunca mais”.

Para subtrair votos do candidato de esquerda, seus adversários buscam vinculá-lo ao governo venezuelano de Nicolás Maduro e ao Sendero Luminoso, apesar de Castillo ter resistido às incursões guerrilheiras como integrante das “rondas” camponesas armadas em sua terra natal, na região de Cajamarca (Norte).

“Agora há nuvens vermelhas no horizonte”, disse Jiménez. “Não sabemos o que pode acontecer depois de 6 de junho” se Castillo vencer, acrescentou.

“Temos autoridade moral para […] levantar nossas vozes quando vemos que a pátria está em perigo”, afirmou o general reformado e ex-ministro do Interior Carlos Morán no evento realizado na rua Tarata, no bairro turístico de Miraflores, o alvo do ataque do Sendero em 16 de julho de 1992, que deixou 25 civis mortos e dezenas de feridos.

“O que eles não conseguiram com armas, eles pretendem fazer hoje com ferramentas democráticas”, criticou Gisella Sánchez, que disse que seu pai era um agente que morreu em uma emboscada do Sendero contra uma viatura policial na remota área de Alto Huallaga em 1989.

O grupo maoísta declarou “uma guerra popular” no Peru que deixou cerca de 70.000 mortos entre 1980 e 2000, de acordo com o relatório da Comissão de Verdade e Reconciliação. Mas também houve abusos e crimes perpetrados pelas forças de segurança que lutaram contra o Sendero e o MRTA guevarista.

O pai da candidata de direita, o ex-presidente Alberto Fujimori, cumpre pena de 25 anos de prisão por dois assassinatos de civis perpetrados por esquadrões da morte formados por militares sob seu governo (1990-2000).

Castillo, um professor de escola rural de 51 anos, surpreendeu ao liderar o escrutínio do primeiro turno eleitoral em 11 de abril, que teve um recorde de 18 candidatos. Keiko, 45 anos, ficou em segundo lugar (13,4%).

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