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Ex-seminaristas acusam arcebispo de Belém do Pará de abusos sexuais

O arcebispo de Belém Alberto Taveira Correa, durante missa na capital paraense, em 6 de agosto de 2020 afp_tickers

Autoridades investigam o arcebispo de Belém do Pará por supostos abusos sexuais, tendo sido acusado por quatro ex-seminaristas de ter tocado em seus genitais em várias ocasiões, segundo informações da polícia e da imprensa.

A polícia civil do estado do Pará confirmou nesta segunda-feira (4) à AFP a existência de uma investigação, aberta a pedido do Ministério Público, sem dar mais detalhes pois o caso se encontra em segredo de justiça.

O programa Fantástico, da TV Globo, divulgou na noite de domingo os testemunhos dos seminaristas, sem revelar suas identidades.

“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem”, contou uma das supostas vítimas do arcebispo Alberto Taveira Corrêa.

“Não via maldade porque confiei muito por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando permanente e já mais agressivo”, acrescentou, destacando que os abusos duraram “dois anos em média, de três em três meses”.

Outro ex-seminarista relatou: “No meu caso, houve um momento em que ele, ele mesmo abaixou as minhas calças, porque eu estava perplexo, me tocou e também rezou”.

Segundo a TV Globo, os fatos denunciados ocorreram na residência do arcebispo – que atualmente tem 70 anos – entre 2014 e 2018, quando as supostas vítimas tinham 15 e 18 anos.

A emissora também informou que o Vaticano abriu uma investigação e que no mês passado enviou um representante a Belém para ouvir as versões do arcebispo e de seus acusadores.

A AFP pediu um comentário da Santa Sé sobre as denúncias, mas não obteve respostas até o momento.

Os ex-seminaristas afirmam, ainda que sofreram assédio moral e ameaças para evitar que fizessem a denúncia.

“Um dia, [Taveira Correa] bateu na mesa, me xingou de viado, disse que chorar era coisa de viado, que eu tinha que ser homem, que eu tinha que ser forte. E isso tudo gritando, assim, de maneira que até chegou a me assustar”, contou um denunciante.

Os quatro jovens asseguram ter relatado estes abusos a outros religiosos em 2017 e 2018, antes de apresentar uma denúncia policial em agosto passado.

Em um vídeo publicado recentemente, o arcebispo disse ter recebido “com tristeza informações da existência de procedimentos investigativos com graves acusações” contra ele, “sem que tenha sido previamente questionado para esclarecer estes pretensos fatos”.

Em maio de 2019, outro escândalo sacudiu a Igreja Católica no Brasil, quando o bispo de Limeira (interior de São Paulo) renunciou após ser acusado de fraude financeira e de acobertar casos de pedofilia.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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