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Geólogos alertam para ocorrência de mega-tremor no norte do Chile

Uma mulher dentro de sua casa, atingida por um tremor, em Arica, a norte de Santiago, em 5 de abril de 2014. afp_tickers

O norte do Chile corre o risco de sofrer um super-terremoto depois que um tremor, ocorrido em abril, liberou apenas parte da tensão que se acumula desde 1877 ao longo de uma falha de alto risco, advertiram cientistas nesta quarta-feira.

Dois estudos publicados na revista Nature revelaram que o sismo de magnitude 8.1 a 8.2, que sacudiu a cidade de Iquique, matando seis pessoas e forçando um milhão a deixar suas casas, pode não ter sido o antecipado ‘Big One’.

Há muito tempo, cientistas observam a zona de subdução do norte do Chile, onde uma placa da crosta terrestre desliza sob o continente sul-americano a uma taxa média de cerca de sete centímetros por ano.

As zonas de subdução são conhecidas por provocar fortes terremotos.

Em 1877, um tremor com uma magnitude exponencialmente maior, entre 8.6 e 8.8, rompeu quase 500 quilômetros da falha do norte do Chile.

O sismo de 1º de abril, seguido de uma forte réplica, partiu apenas uma parte da chamada fenda sísmica, uma seção de uma falha ativa que não se rompeu por muito tempo, aumentando o estresse a ser liberado quando acontece um grande terremoto.

“Nossos resultados indicam que este (terremoto em Iquique) não foi o tremor que tinha sido antecipado”, escreveram os autores do primeiro estudo, conduzido por Gavin Hayes, do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

“Seções significativas da zona de subdução do norte do Chile não se rompiam há quase 150 anos, portanto é possível que futuros super-terremotos ocorram no sul e potencialmente ao norte, na sequência de 2014 de Iquique”, prosseguiram.

Super-terremotos costumam ser seguidos por tsunamis mortais.

“Observações sugerem que força suficiente se acumulou ao longo deste segmento limítrofe de placas para abrigar um terremoto perto de M9 (magnitude 9)”, alertou a equipe.

Os autores do segundo estudo afirmaram que o terremoto de Iquique partiu cerca de um terço da falha sísmica do norte do Chile e concordaram em que “os segmentos bloqueados remanescentes agora representam um aumento significativo do risco sísmico”.

Eles estimam a magnitude potencial deste terremoto em 8,5.

“O ‘Big One’ ainda pode estar por vir”, acrescentou o geólogo Roland Burgmand, da Universidade da Califórnia, Roland Burgmann, que escreveu um comentário sobre os estudos, também publicado na Nature.

Hayes e sua equipe informaram que, com base em suas descobertas, “sismólogos chilenos e do resto do mundo agora enfrentam a difícil tarefa de comunicar este incerto, porém elevado, risco, sem parecerem alarmistas”.

O Chile é um dos países com maior atividade sísmica no mundo.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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