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Hollywood investe cada vez mais nas sequências de sucessos

A atriz americana Nicola Peltz posa para fotógrafos durante a sessão de divulgação do filme "Transformers: Age of Extinction", em Tóquio, em 29 de julho de 2014. afp_tickers

“Homem-Aranha”, “X-Men”, “Transformers”, “Planeta dos Macacos”: a bilheteria de verão nos Estados Unidos foi dominada por filmes de franquias já conhecidas, demonstrando que os estúdios preferem evitar os riscos e apostar cada vez mais nas sequências.

“São como redes de segurança para estúdios e investidores, já que estes filmes são os que conseguem as maiores bilheterias”, explica à AFP Jeff Bock, porta-voz da Exhibitor Relations, empresa especializada na arrecadação dos cinemas dos Estados Unidos e Canadá.

“Sete dos 10 filmes com maior arrecadação este ano são sequências”, destaca Bock, que cita como exemplos “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, que conseguiu 715 milhões de dólares em todo o mundo, “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro”, com US$ 710 milhões, “Anjos da Lei 2”, com quase US$ 300 milhões, e “Como Treinar seu Dragão 2”, com 465 milhões.

Este tipo de filme geralmente é lançado nos Estados Unidos no período que vai do início do verão até um pouco antes do começo do outono, quando as produções que almejam indicações ao Oscar começam a chegar às salas de cinema.

A tendência de apresentar novas aventuras de um filme que já fez grande sucesso não é nova. Franquias como “James Bond”, “Superman”, “Star Wars”, “Star Trek”, “Rocky”, “Exterminador do Futuro” ou “Harry Potter” comprovam o sucesso da estratégia.

Mas o fenômeno ganhou força nos últimos anos.

“Isto aconteceu nos últimos anos e continuará ocorrendo. Basta observar o calendário de estreias: sequências, sequências e mais sequências”, afirma Bock.

Na sexta-feira entra em cartaz nos Estados Unidos (dia 14 no Brasil) “As Tartarugas Ninja”, mais uma adaptação do desenho para o cinema, e nas próximas semanas estreiam “Os Mercenários 3” e “Sin City: A Dama Fatal”.

Medo da criatividade

“As continuações economizam muito dinheiro dos estúdios em termos de promoção e é mais fácil fechar múltiplos contratos com empresas interessadas em um mesmo produto”, explica o porta-voz da Exhibitor Relations.

“É um setor tão competitivo que os estúdios pensam que, com as sequências, as pessoas já sabem de que tratam os filmes”, afirma à AFP Glenn Williamson, professor de cinema na Universidade UCLA.

O porta-voz da Disney, Olivier Margerie, destaca que, às vezes, a decisão de produzir uma continuação é tomada com bastante antecedência, sem o estúdio saber se o primeiro filme fará sucesso.

“A produção de ‘Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate’ começou quando o primeiro ‘Aviões’ ainda não havia estreado, o que foi uma aposta financeira”.

Em alguns casos, a aposta resulta em fracasso, como aconteceu com “Os Caça-Fantasmas II” (1989), “Gremlins 2 – A Nova Geração” (1990), “O Exorcista II” (1977), “Bruxa de Blair 2 – O Livro das Sombras” (2000) ou “Instinto Selvagem 2” (2006), mas os estúdios conseguem administrar cada vez melhor a fórmula do sucesso.

“Em geral, são uma garantia de sucesso, por isto vemos tantas em Hollywood”, afirma Bock.

Ele também ressalta que o orçamento deste tipo de longa-metragem é cada vez maior.

Williamson considera que o fim das sequências chegará quando o modelo for esgotado, “quando um estúdio não souber como continuar atualizando a ideia inicial”.

O professor concorda que o vício nas continuações pode provocar uma certa preguiça dos estúdios, que teriam medo de assumir riscos criativos.

Para ele, o sucesso das sequências em grandes mercados como China, Rússia e Índia é um motivo para que os estúdios prossigam por este caminho.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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