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Indígenas acampam em Brasília contra Bolsonaro

Jovens indígenas participam do acampamento Terra Livre em Brasília, em 5 abril de 2022 afp_tickers

Milhares de indígenas estão acampados nesta semana em Brasília para reivindicar seus direitos e protestar contra o governo de Jair Bolsonaro, que tenta avançar com a exploração econômica de seus territórios.

Com seus cocares coloridos de penas, cachimbos e danças tradicionais, representantes de diversos povos indígenas ocuparam nesta terça-feira uma área descampada na região central da capital, a cerca de 4 km do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

O barulho dos chocalhos e o canto dos integrantes do povo Maguta-Tikuna, do estado do Amazonas, se misturava com gritos de “Viva a Amazônia! Fora Bolsonaro!” que emanavam de uma das barracas onde integrantes de diferentes etnias indígenas debatiam.

“Viemos aqui para dizer ao governo federal que pare com a ameaça aos nossos territórios”, disse à AFP Sinésio Trovão, liderança da etnia Maguta-Tikuna, um dos maiores povos indígenas do Amazonas.

O acampamento anual Terra Livre teve as últimas duas edições suspensas por causa da pandemia.

‘Não ao garimpo, à grilagem e ao roubo de madeira em terras indígenas’, dizia uma bandeira que exibida por um movimento indígena de Rondônia, enquanto centenas homens marchavam em fila debaixo de um sol escaldante, dançando e cantando em sua língua originária.

Bolsonaro chegou ao poder em 2019 com a promessa de não demarcar “nem mais um centímetro” de terra para os indígenas.

Também prometeu abrir as reservas existentes, já muito afetadas pelo desmatamento, o garimpo ilegal e o comércio ilegal de madeira, as atividades extrativistas.

Apoiado por seus aliados do agronegócio no Congresso, o Executivo está tentando acelerar vários projetos considerados prejudiciais para os indígenas e o meio ambiente, entre eles um que busca legalizar o garimpo nas reservas.

“Nós precisamos de respeito. O governo tem que consultar os povos para definir o futuro dos territórios”, acrescentou Trovão, que associou a retórica do presidente às crescentes invasões de pescadores, madeireiros e exploradores ilegais de metais que disse ter sofrido em sua terra.

“Estamos aqui contra o PL 191 [projeto de lei que permite a exploração do garimpo em terras indígenas]”, disse Bep Ko, cacique do povo Xikrin, do estado de Pará.

“Viemos aqui para lutar… a Amazônia não pode morrer”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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