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Itália bloqueia envio de vacinas anticovid da AstraZeneca para a Austrália

Um homem com máscara chega a um posto de vacinação instalado no Auditorium Parco della Musica, em 18 de fevereiro de 2021 em Roma afp_tickers

A Itália anunciou nesta quinta-feira (4) o bloqueio da exportação para a Austrália de vacinas desenvolvidas pelo laboratório AstraZeneca contra a covid-19 com base em uma norma da União Europeia.

Roma anunciou sua decisão em 26 de fevereiro à Comissão Europeia, que não emitiu objeção. O ministério de Relações Exteriores informou em um comunicado que este repúdio à exportação afeta 250.700 doses da vacina do laboratório sueco-britânico.

O embarque foi interrompido devido “à escassez sustentada de vacinas na UE e na Itália e ao atraso no fornecimento da AstraZeneca na UE e na Itália”, explicou o comunicado oficial.

Além disso, a Austrália não é considerada um país “vulnerável” à pandemia, e também solicitou um “alto volume de doses”.

A Itália especificou que a Austrália solicitou a licença de exportação em 24 de fevereiro, e Roma a encaminhou à Comissão Europeia dois dias depois, solicitando sua rejeição ao mesmo tempo.

“A proposta italiana de negação de autorização teve o apoio da Comissão Europeia”, garantiu a fonte diplomática, que acrescentou que o ministério italiano das Relações Exteriores “emitiu a negação de exportação no mesmo dia em que a Comissão informou à Itália que estava de acordo com a medida”.

No dia 28 de janeiro, sob forte pressão devido às dificuldades da AstraZeneca em distribuir o número negociado de doses da vacina anticovid, a UE anunciou um sistema de monitoramento para a exportação do produto.

O sistema, denominado “Mecanismo de Licenciamento e Transparência de Exportação”, visa coletar informações sobre a produção de vacinas contra a covid-19 enviadas para fora da UE.

Autoridades da UE disseram na época que se tratava de uma “medida de emergência” e não era dirigida a nenhum laboratório em particular, mas claramente oferece aos Estados-membros a capacidade de vetar remessas fora do bloco se não forem consideradas “legítimas”.

Ao anunciar este novo sistema de controle, uma fonte em Bruxelas que falou sob condição de anonimato garantiu que não se tratava de uma “proibição de exportação”, embora tenha admitido que a recusa de autorizar a venda poderia ocorrer “em casos raros”.

O ministério australiano das Relações Exteriores minimizou o impacto da decisão italiana em seu plano de imunização.

A entrega de doses da vacina da AstraZeneca bloqueada pelo governo italiano “não estava integrada ao nosso plano de distribuição para as próximas semanas”, declarou à AFP um porta-voz do ministério.

“É apenas uma carga que vem de um único país”, acrescentou.

A Austrália, que iniciou sua campanha de vacinação em meados de fevereiro, já recebeu 300.000 doses da mesma e as primeiras serão administradas na sexta-feira ao pessoal sanitário no sul do país.

Estas 300.000 doses, que se somam às da Pfizer, devem permitir aguentar até que o ritmo da produção australiana da AstraZeneca aumente. Está prevista a produção local de 50 milhões de doses.

A Comissão Europeia começou a impor no fim de janeiro salvaguardas às exportações de vacinas contra a covid produzidas na UE para manter o controle das doses destinadas aos 27 países-membros.

A Itália é o primeiro país da UE a usar esta prerrogativa.

Na Itália, 1,52 milhão de pessoas já foram vacinadas, principalmente profissionais da saúde e idosos. Com uma população de cerca de 60 milhões de habitantes, o país já aplicou 4,8 milhões de doses no total.

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