Janot pede abertura de 83 inquéritos contra políticos citados na Lava Jato
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou nesta terça-feira a abertura de 83 novos inquéritos contra políticos envolvidos no caso da Lava Jato.
Pelo menos cinco ministros do presidente Michel Temer aparecem na lista, incluindo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, além dos presidentes de ambas as Câmaras do Congresso, segundo a imprensa local.
De acordo com estes relatos, também estão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Janot enviou os pedidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) “a partir dos acordos de delação premiada assinados por 77 executivos e ex-executivos das empresas Odebrecht e Braskem”, informou o Ministério Público Federal (MPF).
Além das 83 investigações que envolvem políticos com foro privilegiado, o MP pediu a abertura de outras 211 investigações em primeira instância, que tratam de denúncias contra pessoas sem foro, como é o caso de Lula e Dilma.
Nem o MP, nem o STF confirmaram a identidade dos envolvidos, pois os detalhes ainda estão sob segredo.
Várias delações vazadas nos últimos meses apontam diretamente para integrantes da cúpula do PMDB, partido de Temer.
O poder de dano das novas denúncias gera tensão no Congresso, que já articula distintas iniciativas para anistiar os crimes ligados ao financiamento de campanhas eleitorais, relegando a segundo plano as reformas “fundamentais” propostas pelo presidente Michel Temer, como a da previdência.
Com a economia submersa na pior recessão da história, Temer tem repetido o mantra de que é preciso tirar o país da crise e criar empregos, mas a cada novo capítulo da Lava Jato esta missão parece mais incerta.
Após declarar que não pretende “blindar” qualquer membro de seu gabinete da investigação liderada pelo juiz Sérgio Moro, o presidente afirmou recentemente que os ministros citados nas investigações serão suspensos, mas que aguardará as eventuais denúncias para removê-los dos cargos.
Desde que substituiu a presidente Dilma Rousseff, em maio de 2016, Temer já perdeu seis ministros por causas ligadas à Lava Jato.
Investigação sob segredo
A liberação do material depende da decisão do ministro encarregado do caso no STF, Edson Fachin.
O STF deve decidir agora se há elementos suficientes para abrir as investigações solicitadas, que podem levar a denúncias correspondentes.
Janot pediu ao STF a quebra do sigilo de todo o material, para “promover a transparência e garantir o interesse público”.
No total, 116 procuradores da República tomaram os 950 depoimentos, todos filmados.
O material – que inclui cerca de 500 GB de arquivos digitais – será divulgado por ordem de Fachin.
Até que isto ocorra, os depoimentos e documentos permanecerão em uma “sala-cofre” do Supremo, a qual “apenas funcionários autorizados têm acesso”, informou a assessoria do STF.
A operação Lava Jato, deflagrada há três anos, revelou um gigantesco esquema de corrupção na Petrobras envolvendo partidos e empreiteiras, que financiou campanhas eleitorais e enriqueceu políticos e funcionários.
As condenações da Lava Jato em primeira instância da Justiça já ultrapassam os 1.300 anos de prisão.