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Justiça da Guatemala apresenta gravação de presidente sobre corrupção

O presidente guatemalteco, Otto Pérez, na Cidade da Guatemala, no dia 8 de maio de 2015 afp_tickers

A Procuradoria da Guatemala apresentou nesta segunda-feira uma gravação telefônica do presidente Otto Pérez com o detido ex-chefe do órgão de arrecadação de impostos, a quem pede trocas na entidade, centro de um escândalo de corrupção que tem o governo afundado em uma crise.

A gravação em que Pérez conversa em 3 de novembro de 2014 com Carlos Muñoz, então titular da Superintendência de Administração Tributária (SAT), foi apresentada nesta segunda-feira como parte das provas contra a ex-vice-presidente Roxana Baldetti, detida na última sexta-feira por sua suposta participação em um esquema de cobra de subornos para burlar o pagamento de impostos aduaneiros.

Trata-se da primeira audiência judicial do caso que ocorreu em um tribunal localizado na sede da Suprema Corte de Justiça, na capital.

Na mesma sexta-feira, a Procuradoria e uma comissão da ONU contra a impunidade vincularam o presidente a esta estrutura ilegal, o que intensificou os pedidos ao governante para que deixe o cargo.

De acordo com o procurador do caso, José Antonio Morales, a conversação comprova a influência do presidente na SAT, apesar de ser um órgão autônomo.

Muños também foi detido por suposta participação no esquema.

Outras gravações apresentadas na sessão supostamente demonstram o envolvimento de Baldetti no esquema criminoso.

Pérez, que nomeou Muñoz ao cargo, descartou no domingo renunciar à presidência apesar da pressão popular que exige sua demissão, e disse que permanecerá no poder até o fim de seu mandato, em 14 de janeiro.

Na conversação, Pérez recrimina Muños por não ter realizado uma troca que lhe pediu na direção de recursos humanos da SAT.

“Por que você não quer mudar o de recursos humanos?”, pergunta Pérez ao então superintendente na gravação.

O presidente, com voz firme, lhe pede que a nomeação seja feita nas próximas 24 horas, mas o ex-titular da SAT lhe responde que o fará de imediato.

Muños também pede a Pérez uma reunião privada porque “quero te dizer até onde quero levar este projeto para ver se você me dá sinal verde”.

“Está bem, façamos assim, com muito gosto”, lhe responde o presidente e acaba a conversa, sem deixar claro ao que se referia Muñoz.

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